'Bom Dia, Vêronica' é boa, mas erra a mão na duração das cenas de violência
"Bom Dia, Verônica", série original Netflix que adaptou o livro da dupla Raphael Montes e Ilana Casoy, desembarcou em outubro na plataforma e desde então só foi sucesso. A série estrelada por Tainá Müller ficou por semanas no top 10 da plataforma.
Recentemente, a Netflix anunciou a segunda temporada da série, o que me deixa bastante feliz, já que sou uma grande entusiasta das produções nacionais. Mas também tenho minhas críticas.
O enredo, num primeiro momento, parece fácil de acompanhar. Nós seguimos a jornada da escrivã Verônica Torres (Tainá Müller) numa caçada a um homem que ataca mulheres através de um site de relacionamento.
Mas a coisa começa a ficar complexa quando Janete (Camila Morgado) e Brandão (Eduardo Moscovis) são inseridos na história. Daí a trama começa a degringolar para um enorme —e desnecessário— tempo de tela com violência de gênero, o que, para mim, poderia ter sido apresentado em poucos cortes.
Eu sei que, de primeira, você, leitor, talvez ache um exagero da minha parte, mas realmente precisamos falar sobre as escolhas da série em não explicar o que raios é a espécie de culto em que Brandão está metido? Easter eggs para religiões de matriz afro?
Como se o racismo religioso não estivesse acontecendo no Brasil, com especulações absurdas sobre cultos e sacrifícios, a escolha da série de dar o nome "Cosme e Damião" para a organização corrupta, que não existe no livro, aponta para uma mesmice criativa baseada em estereótipos preconceituosos.
Eu me pergunto o quanto as sufocantes torturas a que Brandão submete as suas vítimas poderiam ser substituídas por explicações e motivações melhores para termos a personagem Verônica Torres abandonando sua vida por completo por ideais feministas. Desculpa, isso não me convenceu.
Veja bem, acho de extrema importância que produções abordem a violência contra a mulher, e em vários momentos a série acerta em expor as diferenças entre abuso psicológico, físico e até o comportamento de profissionais da segurança quando o assunto é violência de gênero.
Mas é preciso repensar as escolhas criativas de superexposição do sofrimento feminino, o chamado "torture porn". Será que o telespectador precisava de sufocantes e longos minutos de torturas a mulheres? Ainda mais enquanto o roteiro abandona explicações básicas para conectar o espectador à trama?
O anúncio da renovação me deixa bastante esperançosa de a série entregar mais respostas, e não somente uma banalização de conteúdo de violência
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