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A arte em risco com o Taleban
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Resumo da notícia
- País tem dois locais na lista da Unesco
- Minarete corre risco por erosão, saques e ataques no local
- Budas já foram destruídos pelo Taleban
Desde que o Taleban voltou ao poder no Afeganistão, muito se fala sobre os direitos humanos e o retrocesso que o país passa com um governo que já se declarou não democrático. Essa postura respinga não só nos cidadãos, mas no patrimônio histórico e cultural local. É conhecido o tratamento que eles deram aos budas em 2001, explodindo imagens milenares e causando danos que jamais foram reparados. Mas ainda há outros lugares em risco no país.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a UNESCO, tem uma lista de lugares que são considerados patrimônios mundiais. São lugares escolhidos pela comunidade científica como de inigualável e fundamental importância para a humanidade. O Afeganistão possui dois deles. O mais famoso é o Vale de Bamiyán. Era ali que ficavam as estátuas do Buda que foram destruídas em 2001. O patrimônio abrange mais do que somente as estátuas, mas também todo o vale, sua paisagem e os vestígios arqueológicos do local. Ainda há restos das estátuas e planos para reconstrução, mas agora seu destino é incerto. Assim como a preservação dos restos da civilização que ocupava a região do século I ao XIII.
O Minarete de Jam é o segundo e menos falado dos patrimônios do país é uma peça de arte linda erguida em 1194. A peça é uma torre que mede mais de 60 metros de altura e pertence a um grupo de 60 construídas entre os séculos 11 e 13 na Ásia Central, Irã e Afeganistão. Acredita-se que os minaretes tenham sido construídos como símbolos da vitória do Islã, enquanto outras torres eram simplesmente marcos ou torres de vigia. Sua estrutura é feita de tijolos cozidos e é famoso por sua decoração intrincada de tijolos, estuque e azulejos vitrificados, que consiste em faixas de caligrafia, padrões geométricos e versos do corão.
É considerado patrimônio não só o minarete como também toda a paisagem e seus achados arqueológicos, que inclui as ruínas de um palácio, fortificações, um forno de cerâmica e um cemitério judeu. Todos esse complexo fica em uma região região remota e quase inacessível do país. Jam foi nomeado com sucesso como primeiro sítio do Patrimônio Mundial do Afeganistão em 2002.
Por estar próximo a dois rios, o Minarete de Jam está ameaçado por erosão, infiltração de água e inundações. Outra ameaça são os terremotos que acontecem com frequência na região. A torre foi inclinada e o trabalho de estabilização foi executado em vários momentos. Isso sem contar os saques e escavações ilegais que também danificaram o sítio arqueológico ao redor do minarete. Por essas razões, o local também está em outra lista, a de Patrimônio Mundial em Perigo da UNESCO.
Os budas foram destruídos pelo Taliban por serem ídolos. Apesar de o minarete estar ligado à cultura muçulmana, isso não impediu conflitos do grupo na região que chegaram a danificar uma mesquista. Ser listado como Patrimônio Mundial pode afetar positivamente o local, seu meio ambiente e as interações entre eles. Um sítio listado ganha reconhecimento internacional e proteção legal, e pode obter fundos, entre outros, do Fundo do Patrimônio Mundial para facilitar sua conservação sob certas condições. Mas estar nessa lista não garante sua segura
O Afeganistão ainda tem mais quatro locais indicados a serem reconhecidos como Patrimônio Mundial da Unesco: Bagh-e Babur em Cabul, um jardim do século 16; a cidade histórica de Herat; a cidade de Balkh, um antigo centro da espiritualidade zoroastriana e budista e o parque nacional Band-e Amir.
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