Filme mostrando a cena feminina do graffiti mundial estreia no Brasil

O grafitti como conhecemos hoje nasceu nos EUA. Em inglês, a palavra não tem gênero. A abrangência de quem pratica a arte nas ruas do mundo todo também não. Em um meio onde predominam nomes masculinos, muitas mulheres seguem a pintar as ruas de cidades pelo mundo todo. Pensando nesse recorte de artistas, a diretora Alexandra Henry olhou para os nomes femininos que colorem as ruas de Nova York, Cidade do México e São Paulo para fazer seu documentário Street Heroines, que tem sua primeira exibição brasileira neste sábado em São Paulo.

Street Heroines é um documentário premiado que celebra a coragem e a criatividade das mulheres que, apesar de sua falta de reconhecimento, são parte integrante do movimento e da arte de rua desde o início. O filme justapõe as experiências pessoais de três artistas latinas emergentes da cidade de Nova York, Cidade do México e São Paulo enquanto elas navegam em uma subcultura dominada por homens para estabelecer identidades artísticas em paisagens urbanas caóticas.

Toofly, nascida no Equador e criada em Queens, NY, embora inspirada pelos grafiteiros dos anos 80 e 90 da cidade de Nova York, nunca teve nenhuma colega do sexo feminino que lhe desse confiança para dar um passo adiante. Determinada a usar a arte para ajudar os outros, sua jornada a leva a desenvolver uma amizade única com a primeira mulher do graffiti, Lady Pink, e viajar de volta ao Equador para espalhar o movimento.

Fusca, uma pintora talentosa, mudou-se para a Cidade do México inspirada pela abrangência arstítica da cidade. No entanto, tornar-se uma artista vira algo assustador e ela precisa analisar os motivos de ela fazer arte e para quem.

São Paulo é o cenário brasileiro do filme, com Magrela expressando seus sentimentos sobre as complexidades de ser mulher por meio de cores vibrantes e imagens radicais pintadas nos muros da cidade apenas para um dia ser confrontada pelas próprias autoridades que a fazem se sentir indesejada no espaço público. Além dessas personagens centrais, o filme ainda conta com grandes nomes da arte urbana, como Claw Money, a brasileira Nina Pandolfo, Swoon, LadyAiko e a icônica fotógrafa de graffiti Martha Cooper.

Para Alexandra, seu filme ilumina as vozes sub-representadas do movimento de graffiti e arte de rua em todo o mundo e a escolha do Brasil veio do período em que morou em São Paulo. "No Brasil, país onde tive o prazer de passar muito tempo, vi uma semelhança entre a linguagem invisível do graffiti & street art em Nova York e o pixo & 'grafite' de São Paulo e fui compelida a explorar o que estava por trás dessa forma de arte pública. Quando morei na Vila Madelena em 2011, descobri o trabalho de Mag Magrela e percebi que assim como em Nova York, havia mulheres alcançando grandes alturas no graffiti em todo o mundo. No entanto, havia muito pouca documentação sobre a experiência feminina no graffiti e na arte de rua. Ambas as cidades são bastiões financeiros de seus respectivos continentes e achei importante documentar os pontos fracos dessas grandes metrópoles e encontrar semelhanças no dia a dia e tentar entender do ponto de vista feminino o que motiva as mulheres a usar a rua como tela. E eu queria mostrar também, independentemente do país de onde você é, as lutas das mulheres são universais", conta Alexandra.

Esta é a primeira produção a focar exclusivamente no trabalho de mulheres artistas de rua de todo o mundo, reforçando sua missão de expressão criativa e seus esforços para superar o sexismo por meio da arte. Enquanto vários documentários sobre graffiti apresentam nomes familiares como Banksy e Shepard Fairey, Street Heroines se infiltra nesse espaço masculino ao legitimar as vozes das mulheres dentro de um movimento inquestionavelmente importante que simboliza muito mais do que a soma de suas partes.

Street Heroines dá visibilidade a artistas destemidas que criam suas próprias oportunidades em nome dos direitos das mulheres, gênero e igualdade econômica, maior acessibilidade às artes e celebração da identidade cultural.

A primeira exibição do filme no Brasil ocorre nesse sábado no Cine Olido, com a presença da diretora Alexandra Henry, a editora Simone Cassas e todas as artistas brasileiras que aparecem no documentário, incluindo Mag Magrela, Nina Pandolfo, Panmela Castro, Fefe Talavera, Simone Siss e Dina Sø Minad. Apresentação do jornalista e cineasta Duda Leite e moderação da mesa feita por mim, Felipe Lavignatti, representando o Arte Fora do Museu.

Espero vocês lá para essa oportunidade única de ver as mulheres do graffiti em tela grande, como os painéis que elas seguem pintando pelas cidades.

Serviço:

Street Heroines

Exibição às 16h

Lugar: Cine Olido, Av. São João, 473 - Centro Histórico de São Paulo