A escultura gigantesca de Amelia Toledo
O mundo dos recordes lista as mais variadas categorias, inclusive, claro, arte. Uma busca por maiores esculturas resultará em estruturas de quase 200 metros, imponentes. Para quem enxerga arquitetura como elementos escultóricos em larga escala, alguns prédios chegam a quase um quilômetro. Todos exemplos gigantes. Uma obra brasileira, no entanto, tinha um potencial de deixar todas essas para trás, a escultura Sete Ondas - Uma Escultura Planetária, de Amélia Toledo.
A artista paulistana está com a exposição Amelia Toledo: Paisagem Cromática no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) onde é possível ver a ligação dela com a natureza e com o espaço público. O trabalho mais monumental no catálogo não está ali fisicamente. Na verdade, não caberia no museu. É justamente Sete Ondas - Uma Escultura Planetária, a obra auto explicativa em sua escala .
Amelia morreu em 2017 e não conseguiu concluir na totalidade essa escultura. Planetária é a dimensão proposta pela artista, que deixou duas partes dela concluídas, uma no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília e outra no Jardim de Esculturas do Mam, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Sete ondas de metal em cada um dos lugares. Outras ondas eram previstas pelo mundo inteiro, tornando ela uma escultura, de fato, planetária (como é possível ver no mapa abaixo).
A curadoria da exposição é assinada por Daniela Gomes Pinto e Fernando Limberger. Daniela fala sobre como essa obra pretendia ligar pontos distantes no mundo todo. "Ela falou desse projeto como um projeto pensado numa escala que não estamos acostumados a ver no dia a dia das coisas, que assume uma outra dimensão. Para completar a dimensão dessa obra, tem que aparecer no Japão, na Alemanha, em um porção de lugares, para a obra efetivamente existir na escala que ela pensou. Acho que essa que é a graça da concepção da obra Sete Ondas, que acabou sendo só implementada no Brasil."
Para além da visita ao MuBE, é possível ver obras de Amélia no ambiente urbano, como outras esculturas no Parque Ibirapuera e um painel na Estação Arcoverde do Metrô do Rio de Janeiro. "Ela gostava muito de fazer obras para espaços públicos porque dá um senso de eternidade para a obra, como ela falava da obra ter uma escala humana no lugar público. Amélia gostava muito de brincar com as escalas das obras, de fazer obras muito pequenas, muito diminutas e muito grandes. E, nos espaços públicos, ela podia brincar bastante com essa questão da escala humana. Então, ela fazia várias obras com um monte de pedras onde as pessoas podiam andar, sentar", explica Daniela.
E, claro, Sete Ondas - Uma Escultura Planetária. Tanto em Brasília quanto em São Paulo é possível ver as estruturas de aço dobrado que emulam ondas em cidades distantes do mar. São sete placas, remetendo à tradição de pular sete ondas do mar na virada do ano. Como planejado por Amelia não é possível ver essa obras. E talvez nunca fosse. "Ela falava que a gente pode imaginar que a escultura, vista de satélite, vai parecer como uma obra pequenininha, como um conjunto que a gente olharia de fora do planeta Terra para entender que era uma obra única", explica Daniela.
A exposição Amelia Toledo: Paisagem Cromática fica até o dia 4 de agosto de 2024 no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, na Rua Alemanha 221, Jardim Europa, São Paulo. As visitas podem ser feitas de terça a domingo das 11h às 18h. Última entrada às 17h30 e entrada gratuita.
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