Água Até Aqui mostra a dimensão de tragédia através da arte
A cobertura da tragédia no Rio Grande do Sul impacta pelas cenas da água tomando cidades. Para além das notícias, a arte ajuda a dar a dimensão do estrago. O projeto Água Até Aqui já pode ser visto em ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Curitiba. Uma ideia simples - porém poderosa - de adesivar um ponto em 5 metros de altura escrito justamente o nome do projeto. Até aquele ponto onde você vê o adesivo é onde a água chegou em alguns lugares do Rio Grande do Sul.
Olha para cima e se dar conta de onde a água chegou impacta de outra forma quem está acompanhando as notícias somente pelas telas do celular, computador ou tv. A linha é alta. Mesmo para instalar esses adesivos, muitas vezes é preciso escada.
A medida varia um pouco dos 5 metros propostos, sem perder o choque de ver a altura em que água chegou. "A mobilização inicial se deu por iniciativa dos amigos do Rio Grande do Sul que moram em São Paulo e chamaram os demais para unir forças e realizar a ação inicial. Adesivar em alguns pontos estratégicos da cidade, registrar, postar e divulgar para a mídia", explica Daniel Martins Pinheiro, um dos organizadores do Coletivo Água Até Aqui, formado também por Mari Camardelli, Rodrigo V. Cunha, Gab Gomes, Marcos Oliveira, Priscila Milk, Beto Bina, Natália Ferreira, Felipe Villela e Renato Ferreira Amaral.
O grupo está na fase de produção de mais adesivos e compartilhamentos das artes para outros lugares na cidade e fora dela. É um trabalho coletivo e ao mesmo tempo individual. "Infelizmente não conseguimos unir todos juntos, daí saímos individualmente". A estratégia dá resultados e o adesivo pode ser visto em São Paulo pela Avenida Paulista, Consolação, Centro, Bela Vista, Vila Madalena entre outros. E também em outras cidades, através dos voluntários que adotaram a iniciativa.
A arte do coletivo provoca para pensarmos no tamanho do estrago que o Rio Grande do Sul está passando. Olhar na rua esse adesivo já mexe com as pessoas que viram o trabalho do Água Até Aqui. A arte urbana, no entanto, quando saiu das ruas para a casa causou um mal estar em Pinky Wainer, artista plástica e madrasta de Daniel.
Ao tomar conhecimento do trabalho, Wainer resolveu adotar o adesivo na casa que mora com o pai de Daniel, José Pinheiro, o Zuca. A intervenção não durou muito. Daniel conta que eles resolveram tirar o adesivo após alguns dias, após ela começar a imaginar a casa alagada até o ponto onde estava arte levada por Daniel. "Ela ficou emocionada, é artista, percebe isso. Ficou sensibilizada e resolveu tirar o adesivo", explica.
Nas ruas os adesivos permanecem, como sinal de lembrança do que o Rio Grande do Sul está vivendo. E também como alerta do que ainda podemos passar com as mudanças climáticas.
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