Arte Fora do Museu

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Mulheres da periferia são homenageadas com fotos em murais de São Paulo

A mulheres da zona norte e da zona sul de São Paulo acabam de ganhar uma homenagem em forma de arte urbana. Muros da Vila Nova Cachoeirinha e de Paraisópolis foram escolhidos como painéis para o projeto Míticax - um recado às mulheres que virão, que retrata 50 mulheres da região.

As homenagens foram feitas por meio de fotos e depoimentos em texto de mães, avós, trabalhadoras, donas de casas, mulheres com mais de 50 anos que representam a força da periferia. A continuidade do projeto vai para além desses dois bairros e regiões da cidade. Essa semana, o centro verá as instalações de fotos em muros do Campos Elíseos. Na próxima semana, a zona leste com Itaquera e, por fim, a zona Oeste com Butantã.

Trecho do mural do projeto Míticax - um recado às mulheres
Trecho do mural do projeto Míticax - um recado às mulheres Imagem: Michelle Serra

Utilizando a arquitetura urbana das regiões como suporte para uma exposição fotográfica que altera a paisagem e reage com o público, a proposta é de uma obra onde as histórias, fotos, cidade e espectadores se confundam. Composta por instalações de fotos hiper dimensionadas, sobrepostas com depoimentos em texto, o projeto urbano é idealizado pela produtora Michelle Serra, em conjunto com o produtor Nando Motta.

Michelle Serra, idealizadora, curadora e coordenadora geral do projeto, reforçou que, na era onde se valoriza muito o agora, reconhecer a força e o caminhar do passado é criar laços e bases mais fortes para um futuro ainda melhor.

Quebrando as barreiras entre a arte, antropologia visual e intervenção urbana, com o nosso projeto esperamos impactar tanto as mulheres retratadas, valorizando e destacando suas conquistas e jornadas, como as outras gerações de mulheres destas comunidades, que podem se identificar e perceber que essa luta começou há muito tempo e que o caminho ainda será longo, mas que elas não estão sozinhas.

A produção também foi comandada por mulheres. Cinco agitadoras culturais, que são moradoras e atuantes socialmente em cada uma das comunidades, foram convidadas para selecionar os nomes e histórias. Mulheres que cresceram nessas comunidades e foram impactadas diretamente pelo legado das homenageadas.

Para a escolha das participantes, três critérios foram estabelecidos: que elas tenham mais de 50 anos, estejam vivas e que seus nomes fossem reconhecidos nas ruas. As 50 selecionadas foram visitadas uma a uma em suas casas, para a sessão de fotos e com as entrevistas registradas em vídeos que podem ser vistos no Youtube do projeto.

Florenice Cunha ao lado de sua foto no projeto Míticax
Florenice Cunha ao lado de sua foto no projeto Míticax Imagem: Michelle Serra

Entre elas estão mulheres referências que estouraram a bolha das periferias e são reconhecidas pela população geral, como Carmem Silva, moradora do centro e Coordenadora do MTST. Ou Laura Baia, também do centro, que tem forte engajamento nas redes sociais falando sobre reciclagem. Há mulheres que têm presença na política, como Dora Gomes, da zona sul, que foi assessora política e pré-candidata a vereadora.

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Outras, como Morena, do centro, que é referência entre as famílias da população carcerária. Mulheres de acolhimento na alimentação, como Eva do Leite, da zona sul; educação, como Ayra Ribeiro, da zona oeste; saúde, como Dona Zina, da zona norte; assistência na Cracolândia, como Carmen Lopes, do centro; nos esportes, como Vanda do Renascença, da Zona Sul; em eventos culturais, como Josy Oliveira, na Zona Leste. Mulheres periféricas que fizeram e fazem a diferença nas suas comunidades.

Essa é a segunda edição do projeto. Em dezembro de 2022, o Míticax aconteceu de uma forma reduzida no bairro da Casa Verde, em São Paulo.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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