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O mistério da estátua no meio do oceano Atlântico

Quando Cristóvão Colombo saiu da Europa, ele passou por uma ilha onde havia uma estátua de um homem sobre um cavalo apontando a direção que ele deveria seguir rumo à terra até então desconhecida pelos europeus. Alguns anos depois, Pedro Álvares Cabral passou pela mesma ilha antes de chegar ao Brasil. Dessa vez, a estátua apontava um pouco para baixo, rumo à costa nordeste brasileira. Esses relatos comuns entre os moradores desta ilha não batem e dificilmente são verdadeiros. Uma estátua não mudaria de lugar e não há registro de nenhum desse navegadores encontrando a tal ilha com a estátua. A ilha existe, se chama Ilha do Corvo. Já a estátua, ou o que sobrou dela, é uma questão mais misteriosa.

Localizada no meio do Oceano Atlântico, a Ilha do Corvo está a quase 1500 km de distância da costa portuguesa. Se olhar no mapa, é possível perceber que a ilha está já na parte oeste do oceano Atlântico, praticamente na América. Com 17,21 km² de área e menos de 400 habitantes, a Ilha do Corvo tem em uma estátua de um homem sobre um cavalo sua figura mais ilustre.

A história da estátua começa justamente na descoberta do pedaço de terra por Diogo de Teive em 1452, 40 anos antes da viagem de Colombo. As crônicas portuguesas contam que foi encontrada na ilha uma estátua de um homem a cavalo, de pé sobre um pedestal com uma inscrição em letras gastas que eles não conheciam. A estátua foi descrita como sendo de pedra de um homem apontando para o oeste, seu braço direito e dedo indicador estendidos, enquanto a mão esquerda descansava na crina do cavalo. O homem usava uma túnica moura.

A estátua estaria localizada no lado noroeste da montanha do Corvo, em um local tão inacessível que, em suas tentativas de fazer cópias da escrita no pedestal, os marinheiros portugueses teriam sido forçados a usar cordas para alcançá-la.

Esses relatos foram feitos mais de um século após a descoberta da ilha por Diogo de Teive na "Crônica do Príncipe D.João" de Damião de Góis, em 1567, recolhendo histórias contadas por quem participou das expedições naquele período. São detalhes muito precisos para que sejam apenas frutos de lendas de viajantes marítimos.

A crônica relata que o rei Manuel I enviou o desenhista Duarte de Armas para fazer um esboço da estátua. Ao ver o desenho, o rei enviou um homem da cidade do Porto para trazer a estátua para Lisboa. A estátua chegou em Lisboa e foi destruída ao ser transportada já em terra. Segundo o relato, restaram as cabeças do cavalo e do homem, o braço direito do homem e um pé e parte da perna. De Góis não sabe informar o que havia acontecido com as peças após sua entrega ao rei.

Inscrição fenícia, a mesma usada em Cartago, no museu arqueológico de Alanya, Turquia
Inscrição fenícia, a mesma usada em Cartago, no museu arqueológico de Alanya, Turquia Imagem: CC

O esboço de Duarte de Armas também não sobreviveu. Pêro da Fonseca, um capitão do mar que estava na ilha em 1529, escreveu que os moradores o informaram que uma tentativa havia sido feita para tirar uma impressão das letras abaixo da estátua. Impressões de cera foram tiradas de algumas delas, que não puderam ser decifradas por estarem desgastadas ou por conhecerem apenas o alfabeto latino.

Se existiu, de fato, essa estátua, como ela foi parar ali antes mesmo das grandes navegações começarem? A única pista aponta para os cartagineses, uma civilização que ocupava boa parte do mar Mediterrâneo até o ano de 146 a.C. Em 1749 foi desenterrado um tesouro de moedas na ilha que fortaleceu essa tese. Além disso, os deuses de Cartago eram retratados sobre cavalos. Se eles de fato chegaram tão longe, foi um feito incrível que não seria igualado por mais de 1500 anos.

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Ninguém sabe o paradeiro dos restos da estátua, sequer o esboço feito a pedido do rei. Sobraram as lendas e o mistério da figura de pedra que apontava para um novo continente.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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