Arte Fora do Museu

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Reportagem

Brasilidade e cultura negra são inspirações de novos murais de São Paulo

São Paulo, a cidade que no dia 25 deste mês completa 471 anos, tem sua história marcada pela pluralidade de pessoas, origens e trajetórias. A ilustração dessa diversidade pode ser observada na temática escolhida para dois dos mais novos murais da cidade. Em um raio de 3 quilômetros, dois prédios receberão pinturas gigantes assinadas por um artista da capital paulista e outro do Recife.

Na região da Vila Mariana (zona sul), o artista recifense Max Motta imprime as cores vibrantes e as belezas do Brasil no mural "Verde Louro". A obra traz a imagem de uma mulher negra, de sorriso cativante, interagindo com um louro. Os detalhes trazem a representação da feminilidade, da beleza e da celebração da cultura brasileira.

Natural do Recife, a trajetória de Max Motta se desenrola pelas paredes das cidades, transformando muros em telas que contam histórias. Inspirado por mestres como Caravaggio e Rembrandt, o artista absorve as nuances da arte clássica, aplicando-as na arte urbana. Em sua narrativa visual, busca celebrar a beleza da cultura negra.

Suas obras estão espalhadas pelo espaço urbano do estado de Pernambuco, na capital Recife, Olinda, Cabrobó, Guararapes, entre outras cidades, além do estado de Minas Gerais. Agora, "Verde Louro" chega em São Paulo, na Vila Mariana, nas proximidades do Cambuci e da Liberdade, bairros que historicamente têm bastante relação com a história negra e com a arte urbana.

O artista de São Paulo presente neste projeto vai ocupar a região da Barra Funda (zona oeste). Alex Hornest, também conhecido como Onesto, é pintor, escultor e artista multimídia. Natural da zona leste de São Paulo, começou sua trajetória artística na década de 1990 nas ruas, fazendo graffiti. Reconhecido como um dos pioneiros dessa cena, Onesto ganhou o mundo desde então. Suas pinturas públicas e exposições já passaram por cidades como Nova York, São Francisco, Atlanta, Los Angeles, Miami, Quebec, Bogotá, Cidade do México, Viena, Lisboa.

Trabalho de Alex Hornest (Onesto)
Trabalho de Alex Hornest (Onesto) Imagem: Divulgação

Inspirado em artistas de quadrinhos, Onesto apresenta uma estética única e marca registrada em seus trabalhos, que trazem personagens disformes e repletos de características marcantes. Na capital de São Paulo, o artista assina a nova obra "Pescador de Sonhos", que traz à tona sua identidade. Para Vera Nunes, curadora de arte e fundadora da Gentilização, produtora destes murais, as duas obras incentivam o diálogo mais harmonioso com a cidade de São Paulo, auxiliando na revitalização do espaço público e democratizando o acesso à arte.

"Estamos falando de artistas renomados, que levam a sua arte para as ruas. A partir do momento em que elas estão no espaço público, podem ser vistas por todas as pessoas e passam a compor o espaço urbano. O fato de serem dois artistas negros, de origens distintas também é interessante para que a população de São Paulo também possa refletir sobre a contribuição da cultura negra na história da cidade."

As obras são viabilizadas pelo MAR (Museu de Arte de SP) da Secretaria Municipal de Cultura.

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