E o pior é que A Dona do Pedaço deixou saudades e está fazendo falta
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Resumo da notícia
- Ah, que saudades de A Dona do Pedaço...
- A novela rendia muito assunto. Mesmo que fosse para falar mal, todo mundo assistia.
- As bizarrices de Maria da Paz e sua turma estão fazendo falta.
"Duas mulheres mais velhas estão num resort nas montanhas e uma delas diz: 'Nossa, a comida nesse lugar é terrível'. A outra responde: 'É! E em porções tão pequenas!'" É com essa piada que Woody Allen resume seu sentimento em relação à vida no começo do filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, clássico de 1977. Também é como tentaria explicar como me sinto a respeito da novela A Dona do Pedaço.
Ao longo de 6 meses, comungávamos entre familiares ou amigos pela internet para lamentar as tramas absurdas propostas por Walcyr Carrasco. O incrível caso da boleira que se tornou uma empreendedora milionária sem ter qualquer tino para os negócios. Ou a herdeira psicopata que odiava a mãe apenas por algum fetiche mórbido. E a quase freira que sabia tudo sobre administração de empresas e era pós-graduada em chantagens. Sem contar a influenciadora digital que nunca recebeu um mimo, nem fazia permuta com esteticista.
O que faltava no quesito noção, sobrava em diversão. Acompanhar A Dona do Pedaço não foi uma experiência normal na nossa relação com obras audiovisuais, em que a concatenação das ideias leva a problemas que precisam ser resolvidos e, na sequência, suas eventuais conclusões satisfatórias. Tratava-se de uma imersão catártica em um universo de caos e bizarrice.
Foi uma novela sensorial, operando mais no subconsciente do que na razão. Ao despertar os instintos mais primitivos dos telespectadores, Carrasco conseguiu um nível de abrangência e repercussão que há tempos nossa televisão não alcançava. Na esteira da ótima audiência, também abriu o leque para criativas inserções publicitárias de toda sorte —das mais estapafúrdias até algumas brilhantes.
Fora do ar desde 22 de novembro, A Dona do Pedaço está fazendo falta. Por mais irritante que fossem as decisões de Maria da Incapaz e Vivi Guedes, por pior que fosse o tique nervoso quântico do personagem de Marco Nanini, as histórias conseguiam sair do campo da intelectualidade e se transformavam em agradáveis piadas e conversas de bar.
O tempo continuará passando e ainda reconheceremos A Dona do Pedaço por suas qualidades mais pitorescas. Não era muito boa, mas pena que acabou.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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