Na pandemia, Bolsonaro também é criticado em perfis de fofoca no Instagram
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Mesmo trabalhando há anos nessa indústria fundamental da cultura muito popular, me rendi há pouco tempo aos perfis de fofoca do Instagram. Ainda tenho certa dificuldade para entendê-los plenamente, mas pude perceber uma movimentação curiosa nas últimas semanas: a política entrou definitivamente na pauta.
Com os artistas de novela impossibilitados de estacionar o carro no Leblon por conta do isolamento social, as traições, os papelões e outras picuinhas são cada vez mais difíceis de relatar. Além disso, a programação da TV também encontra-se desfalcada desde que o BBB acabou.
Minha teoria era que as polêmicas em Brasília se tornaram o último refúgio para além das lives dos sertanejos e pagodeiros. Mas conversei com as responsáveis pelos perfis Rainha Matos e Gossip do Dia e acabei descobrindo outras nuances interessantes nessa relação de influenciadoras extremamente populares com o noticiário.
Gabi do Gossip, com 1,8 milhão de seguidores, me disse que o interesse do público pelo assunto durante a pandemia foi determinante para a decisão editorial. "Estávamos recebendo questões políticas pelo direct (mensagens privadas do Instagram), por conta do momento difícil que vivenciamos hoje. O presidente da República ter ido contra as orientações da OMS, o diretor-geral rebater as falas de Bolsonaro, a demissão do ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, a renúncia de Sérgio Moro... Tudo isso nos acendeu uma curiosidade. Hoje é o que chamamos de fofoca governamental."
As publicações do perfil costumam ser bem parcimoniosas, sem entrar muito no mérito de cada discussão. Na mais recente referência a Bolsonaro, a legenda no perfil limitou-se a reproduzir o texto de um trecho do vídeo: "Quem é de direita, toma Cloroquina. Quem é de esquerda, toma... Tubaína!" O engajamento costuma ser altíssimo, neste caso específico com interações de várias famosas como Kéfera e MC Rebecca soltando o verbo contra a fala do presidente.
Já Rainha Matos, 1,3 milhão de seguidores, assume uma posição mais contundente de oposição ao governo. "Sempre me posicionei politicamente, pois sou uma mulher transexual, então tem toda a questão da bandeira LGBT. Fiz um post pedindo para quem fosse a favor do Bolsonaro, depois disso que ele está fazendo, que por favor deixasse de me seguir."
"Nesse momento, é crucial que a gente fale. É um público muito grande, eu tenho um engajamento de 60 milhões de impressões por semana, milhões de visitas no perfil por semana, 84% feminino. E falo para essas mulheres que é legal fofoca, mas é legal que a gente se posicione também. Estamos em uma democracia e não precisamos aceitar esse tipo de coisa", diz Matos.
E a blogueira celebra a postura de algumas celebridades neste período. "Eu sou amiga da Anitta e ela vem fazendo várias lives para falar sobre política com a Gabriela Prioli da CNN." Mas também lamenta que nem todos os famosos tenham o mesmo senso de responsabilidade. "Olha, eu acho que é a hora da gente começar a ver quem está se posicionando e quem está ficando calado em um momento muito importante na história do país."
A responsável pelo Gossip do Dia observa um crescimento de comentários dos seguidores contra as atitudes do governo. "A ideia de Bolsonaro, com o isolamento vertical, fez com que muitos brasileiros questionassem a coerência de quem lidera o país, os ideais, e como as coisas serão daqui para frente. Vimos pessoas se arrependendo de terem votado no presidente. As críticas aumentaram muito!"
Rainha Matos enxerga uma função social relevante na abordagem da política em seu perfil. "Instagram de fofoca não é só futilidade. Tem que ser um meio de comunicação que atinge as pessoas civicamente, para que façam valer a cidadania delas."
UOL VÊ TV
Conversamos sobre a entrevista de Felipe Neto no Roda Viva e várias outras coisas no episódio desta semana do podcast de TV do UOL. Sempre com as gloriosas presenças de Mauricio Stycer, Débora Miranda, Flávio Ricco e Chico Barney.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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