Ridículo e cafona: Joel Schumacher foi o único diretor a entender o Batman
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Faleceu no último dia 22 o grande diretor cinematográfico Joel Schumacher. Com uma longeva e produtiva carreira, deixou importante legado em obras como Garotos Perdidos, Por um Fio e Um Dia de Fúria.
Menos reconhecidos são seus filmes tratando do personagem Batman, o milionário traumatizado que resolve usar seu poder econômico e uma fantasia de morcego para enfrentar a criminalidade em Gotham City.
Pois Schumacher foi o único cidadão em Hollywood a compreender com perfeição a essência de Bruce Wayne e sua contraparte esvoaçante. Batman Eternamente (95) e Batman e Robin (97) são duas pepitas, as melhores adaptações da DC para a tela grande.
Seu predecessor na dura missão foi Tim Burton, que tentou trazer o herói para seu universo gótico. Aproveitando da ótima direção de arte dos filmes, trouxe uma visão absolutamente torta da abordagem mais soturna que estava em alta nos quadrinhos, graças ao sucesso do trabalho de Frank Miller e Denny O'Neil. São filmes do Burton, não do Batman.
Já Christopher Nolan fez o possível para que sua trilogia não parecesse ter algo a ver com o Batman. Como é praxe na Warner, o traço mais reluzente do realizador é a profunda vergonha de trabalhar com um personagem oriundo dos gibis. Para isso, encheu de camadas que pudessem afastar o filme do personagem.
A negação do que é o personagem é uma constante e sua trajetória. Até mesmo a versão mais soturna e pretensamente realista a partir dos anos 70 era uma espécie de ressaca do sucesso que a série de TV obteve na década anterior.
Assim como os gibis, o programa era um delírio infantil a respeito de um órfão de meia-idade que decidia livrar a cidade do crime ao lado de um amigo mais jovem. A galeria de vilões era um dos grandes destaques, sempre escalafobéticos.
Esse foi o cerne da questão envolvendo o Batman desde sua criação. Mas a partir do momento que o público dos quadrinhos deixou de se renovar, os editores precisaram arranjar formas para amadurecer o personagem junto com os leitores, apostando no lado mais amargurado do playboy.
Os filmes de Schumacher são um resgate do verdadeiro Batman da era de prata. O fanfarrão bem-nascido que enfrenta perigos muticoloridos na madrugada da cidade grande, usando bugigangas absurdas ao lado de comparsas em trajes igualmente pitorescos.
Foi a última vez que um personagem da DC chegou aos cinemas sem maiores receios de ser o que é. O diretor não tapou o sol com a peneira e expôs o quanto a ideia de um vigilante mascarado é cafona.
A proposta infelizmente foi mal compreendida pela sociedade pré-bug do milênio. Mas ainda há tempo para rever e celebrar a obra de Joel Schumacher e o seu adoravelmente ridículo Batman, com direito a todas aquelas soluções fáceis e frases feitas pavorosas, do jeitinho que os pioneiros da nona arte imaginaram.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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