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Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lembra dele? Após rejeição, Sonic Feio tem retorno triunfal no filme do ano

chipdale sonic - "Você acha que é bonito ser feio?"
chipdale sonic Imagem: "Você acha que é bonito ser feio?"

Colunista do UOL

24/05/2022 16h06

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Boa parte da sociedade civil ficou indignada quando o trailer do primeiro filme do Sonic foi lançado em 2019. A história parecia simpática, mas tinham mexido nas características físicas do personagem de maneira a deixá-lo quase irreconhecível.

Parecia uma versão falsificada do simpático porco-espinho que conquistou gerações com suas sapatilhas bicolores e um forte apetite por argolas douradas. Por sorte, o estúdio responsável entendeu o feedback e cuidou para que a computação gráfica deixasse o personagem idêntico ao que tínhamos nas memórias de infância.

A comoção em torno daquela peça de divulgação foi grande suficiente para se transformar em um marco cultural. Agora a mesma interpretação tosca retorna com direito a sobrenome —é o Sonic Feio, e uma personalidade totalmente diferente do cânone oficial, para brilhar em Tico e Teco - Defensores da Lei, um petardo pós-moderno oferecido para os assinantes do Disney+.

A reunião dos velhos esquilos é o fio condutor de uma história besta que serve para brincar com as referências que povoam a memória de quem cresceu nos anos 90 e 2000.

Na trama, Tico e Teco eram atores protagonistas do desenho animado de mesmo nome, que teria sido interrompida pelo desejo de um deles de seguir carreira solo em outra série, inspirada em James Bond. Curioso notar que seus personagens já eram corruptelas sem graça de Indiana Jones e Magnum, referências pop muito relevantes naquele final de século.

O tempo passou com o relacionamento de ambos devidamente rompido, e frustrados com suas carreiras. São reunidos por conta do vício de um terceiro elemento do elenco, que encontra-se viciado em queijos de cheiro forte.

Não pretendo estragar muitos outros pontos da história, mas toda a ação é a respeito da briga dos heróis contra uma gangue que sequestra desenhos antigos para pirateá-los em produções 'falsificadas'. Eram produções bastante comuns, sobretudo no auge da venda de DVDs para crianças, com versões descuidadas de sucessos dos cinemas.

A sacada da narrativa principal é bastante inteligente, assim como as infindáveis referências praticamente em cada cena. Além do agora carismático Sonic Feio sorrindo com seu dente de gente em diversas oportunidades, tem até o Butthead, amigo do Beavis, concorrendo ao senado.

Para quem cresceu naquele período específico da história da humanidade, é muito divertido ver a Disney fazendo acenos generosos a personagens de outros estúdios. E aos que estão ligados no debate acerca das leis de direitos autorais nos Estados Unidos, tem mais essa camada de interpretação no centro da aventura.

Também há diversos personagens famosos em produtos da própria empresa, como o candelabro de A Bela e a Fera e até a Tygra dos Vingadores —heroína que teve espaço nos modorrentos desenhos dos anos 90, mas que não teve ainda qualquer chance no universo cinematográfico da Marvel. Não por acaso, sobrou para ela um estande ao lado de fracassados como o supracitado Sonic Feio em uma dessas feiras para entusiastas da cultura pop.

Por essas e por outras, Tico e Teco - Defensores da Lei é o filme do ano. Não é particularmente original, tampouco tem um texto muito engraçado, mas captura com perfeição nosso apreço por reencontrar rostos conhecidos e celebrar algum senso de pertencimento.

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