Topo

Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A Fazenda: Como explicar a vitória de Vini, inimigo do pacto civilizatório?

A Fazenda 2022: Vini Buttel em noite de quarta eliminação - Reprodução/Playplus
A Fazenda 2022: Vini Buttel em noite de quarta eliminação Imagem: Reprodução/Playplus

Colunista do UOL

14/10/2022 08h33

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Como explicar a permanência de Vini na roça de A Fazenda desta semana, enfrentando duas figuras tão luminosas quanto Bárbara Borges e a eliminada Tati Zaqui?

O cidadão tem colecionado um vigoroso repertório de falas problemáticas, passeando de maneira irresponsável pelos mais variados temas. Em pleno 2022, ano da tecnologia e da Copa do Mundo, dói imaginar que uma parcela relevante da audiência não ficaria incomodada com a postura corrosiva do cidadão.

Mas a hipótese mais fácil remete, na verdade, diretamente ao modelo de votação do programa. Como a interação do público é para escolher quem continua, ninguém sai por rejeição.

E quando duas pessoas de um mesmo grupo estão na berlinda, acabam dividindo os votos caso não sejam particularmente populares. Foi o que aconteceu ontem —a diferença de votos entre Babi e Tati foi menor que 2%.

Outro fator determinante é a incrível polarização que toma conta da atual temporada. Todo o elenco foi dividido entre duas frentes —chamadas criativamente de Grupo A e Grupo B.

O que diferencia cada lado? O primeiro é formado por pessoas que gostam de bajular Deolane, o outro inclui todos aqueles que não foram bem recebidos pela própria ou seus bajuladores. Vini é um dos principais assessores da doutora.

Ou seja, a torcida que está apoiando a Deolândia, além de não se incomodar com a escalada da agressividade das ameaças que invadiram a sede nos últimos dias, também passou pano para as várias atitudes do rapagão que ferem o pacto civilizatório da sociedade civil.

Se o Grupo B tivesse jogado com um pouco mais de inteligência, fugindo do crivo popular, talvez a história fosse outra. Somando a votação de suas duas representantes, chegamos a 56,67% dos votos, contra 43,33% do ex-De Férias com o Ex.

Na maior parte do tempo, o humor de Vini tem a mesma serventia do apêndice no corpo humano —existe apenas para incomodar, sem qualquer contrapartida realmente positiva.

Mas sua permanência serviu ontem para um momento histórico. Imitando um pavão, fez o Grupo B acreditar que Tati tinha voltado. A decepção geral, enquanto ele pulava no meio dos amigos com os dois dedos do meio levantados, foi cinematográfica.

Mas logo na sequência o Grupo A partiu para a tradicional hostilidade, berrando na cara dos adversários, batendo panela de maneira grotesca na mesa e deixando este velho colunista um tanto barbarizado. O poeta que escreveu que 'não há mal que nunca se acabe' certamente nunca assistiu A Fazenda.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.