Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sindicato nenhum conseguirá barrar a arte de Juliette e Rafa Kalimann
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Ao acessar a internet em uma manhã de frio em São Paulo, me deparo com uma sequência acachapante de registros jornalísticos a respeito do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro, o popular SATED-RJ.
Descubro que Juliette, um dos faróis da sociedade brasileira neste século, tentou obter um DRT, mas sem sucesso. O sindicato não aprovou o material enviado, uma compilação de trabalhos publicitários empreendidos pela cantora.
Logo depois sou informado que Rafa Kalimann passa pelo mesmo problema, com alguns agravantes: já atuou em Rensga Hits e também estava plenamente escalada para uma participação em Vai na Fé, próxima novela das 19h na Globo.
O que elas têm em comum? São egressas do BBB e estão buscando ampliar os campos de atuação no showbiz. Mas parece que o sindicato está propenso a criar caso em uma queda de braço para criar algum tipo de reserva de mercado.
"O sindicato tem vários profissionais registrados com o mesmo perfil da influenciadora. Eles estão à espera de uma oportunidade", disse Hugo Gross, o presidente do SATED-RJ, em reportagem do site F5 sobre o imbróglio com Kalimann.
A ideia de que todo mundo deva ser escalado para um trabalho estritamente por questões técnicas é no mínimo anacrônica. Nunca foi uma expectativa que teve qualquer relação com a realidade, mesmo antes do surgimento dos reality shows ou das redes sociais.
Como qualquer produto da indústria cultural, filmes, séries e novelas precisam dar certo por questões que vão muito além da mera qualidade ou mesmo de algum juízo de valor. Profissionais reconhecidos por outros meios ajudam a catapultar a produção audiovisual —impulsionando o mercado como um todo.
Além disso, denota um certo preconceito com quem não vem de uma formação clássica. Hoje o mundo é muito mais rico e diverso, com pleno acesso a diferentes meios de expressão artística. Não há motivos para uma produtora se fechar para esse horizonte.
Inclusive acho que a legislação deveria sofrer uma atualização radical. Todas as pessoas que já participaram de qualquer reality show deveriam ter automaticamente um DRT para atuar da maneira que quisessem.
BBB, A Fazenda ou Casamento às Cegas são formatos sofisticadíssimos de teledramaturgia, em que é necessário ficar por semanas ou meses a fio atuando nas mais variadas esferas para dezenas de câmeras o tempo todo. Contar uma história, apresentar um propósito, engajar a audiência —tudo embalado pelos mesmos conflitos humanos retratados por qualquer peça de Shakespeare.
E tanto faz se defenderão bem ou mal seus papéis nos projetos vindouros. Não é a burocracia que deve decidir se Jade Picon está apta ou não para fazer uma novela, mesmo com todas as críticas que sua atuação em Travessia está merecendo. É função do respeitável público.
Que Juliette e Rafa Kalimann tenham a oportunidade de constranger ou fascinar a audiência sem qualquer impedimento. E que tragam muita repercussão para um setor que precisa, mais do que nunca, de visibilidade.
Entendo que o SATED-RJ defenda os interesses da classe, mas eu também preciso defender os meus. Tendo a Chiara como norte, Juliette e Rafa Kalimann experimentando os desafios da atuação é garantia de assunto neste espaço para os meses que virão. Deixa a turma trabalhar!
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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