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Rap de Zé Felipe mostra que a melhor arte vem da indignação
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No grande moinho de pautas que é o tempo para o jornalismo de celebridades no século 21, a desinteligência envolvendo Evaristo Costa, Virgínia e o cantor José Felipe parece coisa de antigamente.
O ex-apresentador do Jornal Hoje fez um comentário considerado inadequado a respeito da relação da influenciadora com a própria filha, o que comoveu parte relevante da internet durante todo o dia de ontem. Seria apenas mais uma altercação passageira, inclusive com reconhecimento do erro e pedido de desculpas, se não fosse por um detalhe: o imbróglio virou uma música.
O cantor José Felipe, tomado pela fúria, não ficou contente com apenas um vídeo em que orientava Evaristo em uma lista de afazeres pouco alvissareira. Para dar vazão à toda a cólera que sentia pelo que tratou como um absurdo desrespeito, incorporou seu lado compositor e escreveu e gravou uma canção.
A verdadeira arte é uma resposta humana ao sentimento de indignação. Algumas das maiores obras que definiram a realidade na qual vivemos sugiram dessa revolta. Chaplin e a revolução industrial, Stanley Kubrick e a guerra fria, Jane Austen e a aristocracia, José Felipe e Evaristo Costa.
Ao criar um rap que não possui ritmo, tampouco poesia, o extraordinário crooner foi capaz de quebrar paradigmas de todo um gênero musical ao mesmo tempo em que compartilhou com o público a dor e o sofrimento pelo qual estava passando.
O exercício de emular, mais do que apenas ilustrar, as sensações que passam pela nossa mente é algo muito contemporâneo. Em tempos de inteligência artificial e realidade virtual, conseguimos experimentar a confusão e o choque frente ao absurdo provocado pela sensação de ser desrespeitado —com nossos próprios tímpanos!
A grande arte se transforma e nos surpreende, mas segue muito viva. Às vezes escondida por trás das camadas mais voláteis de uma pendenga entre celebridades. Mas quando ela emerge, se impõe com a contundência que pode não ser compreendida nas primeiras horas ou dias, quiçá anos ou décadas, mas quem tem pressa? Certamente ficará para a posteridade.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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