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Chico Barney

OPINIÃO

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Demissionário, James Gunn se despede com crítica pesada contra a Marvel

Cena do filme "Guardiões da Galáxia Vol. 3" - Reprodução
Cena do filme "Guardiões da Galáxia Vol. 3" Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

08/05/2023 14h00

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Guardiões da Galáxia volume 3 é certamente o melhor filme da carreira de James Gunn. Pode não parecer uma missão muito difícil para o diretor responsável por bombas como a versão live action de Scooby-Doo, mas o capítulo de encerramento da trilogia espacial é um primor.

Existem várias mensagens muito bonitinhas ao longo da trama, que usa do amplo arsenal de carisma do seu elenco para escapulir das tradicionais discussões que todo filme da Marvel suscita nesses últimos tempos.

Enquanto pai de pet, fiquei bastante emocionado com a trajetória do Rocky mostrada ao longo do filme. Abre uma possibilidade de discussão relevante sobre maus-tratos e a importância da adoção responsável.

Na qualidade de fã de quadrinhos, o filme também me acertou como alvo por ser a melhor adaptação possível que um personagem como o Alto Evolucionário poderia ter.

Acredito que outros cidadãos com esse hobby jurássico acabam pensando muito a respeito da transposição de certos conceitos para as telonas. Homem-Formiga desperdiçou o MODOK de maneira imperdoável. A Thor de Jane Foster também não chegou a atingir seu potencial narrativo em Love and Thunder.

Mas Guardiões da Galáxia 3 aproveitou tudo bem demais. E tem uma cena rápida do Alto Evolucionário que funciona como uma crítica ferrenha de James Gunn, diretor do filme, à Marvel.

De saída rumo à concorrente DC, onde já está com o roteiro prontinho para dirigir o próximo Superman, Gunn usa o vilão para questionar: por que diabos uma fórmula testada e aprovada não consegue se conectar com ideais de perfeição?

Essa falha serve como metáfora para alguns problemas que a Marvel tem enfrentado em suas últimas produções. Com a ausência de uma voz autoral mais firme —como a do próprio Gunn, que na cena é projetada pelo guaxinim Rocket, as situações apenas se repetem distantes de qualquer sentido, sem ressoar na alma das pessoas.

E aí a cena da criança correndo e girando sem parar dá a entender que o looping dos filmes genéricos de super-heróis precisa ser rompido por novos pontos de vista. O diretor parece confiar que apenas aplicar uma fórmula não funciona. Não é uma equação matemática. Algum improviso precisa ter.

É cada vez mais necessário preencher o inescapável modelo padrão com alguma criatividade, para conseguir enxergar ângulos diferentes e continuar a evolução desse universo. E James Gunn prova que isso é possível lindamente neste filmão que marca sua despedida da Marvel.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.