Tudo é muito óbvio em Terra e Paixão, até a audiência ruim

Estou terrivelmente empolgado com Terra e Paixão. Depois dos longos meses de Travessia, novela tão esquisita, difícil até de definir qual era sua trama principal, Walcyr Carrasco retorna com uma história fácil feito o refrão de música infantil.

E o que é que tem na sopa do neném? Entre outras maravilhas, a heroína da magnética Bárbara Reis promete ser um dos destaques, assim como o casal de vilões interpretados pelos indefectíveis Tony Ramos e Glória Pires —que pelo menos na estreia ainda não trocaram de corpo. Só esse elenco já garante uma certa estabilidade.

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A falta de nuances entre o lado certo e errado nesse início de trama também ajuda a recuperar terreno depois de várias produções com protagonistas dúbios e cheios de camadas. Os clichês são a força motriz dessa indústria, e tentar subvertê-los de maneira irresponsável pode ter sido uma das razões para a evasão do público, que só quer ter motivo para falar mal de coisas que não existem enquanto desanuvia dos próprios problemas no fim de noite.

Desta feita, é natural que a notícia de hoje seja o fato do primeiro capítulo de Terra e Paixão ter sido o pior de todos os tempos. Sempre há uma ressaca na troca de novelas, e o público minguado da produção anterior certamente dificultaria o trabalho.

Mas a maior obviedade é que seria loucura apostar contra Walcyr Carrasco. O encantador de multidões parece ter uma estratégia sólida para trazer de volta o prazer de assistir novela —e criticá-la com a mesma alegria. Como diria Kevin Costner em Campo dos Sonhos, "se você construir, eles virão".

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