Terra e Paixão: Na urgência do amor, ninguém respeita o luto da viúva

Terra e Paixão começou com um assassinato. Tony Ramos tem o intuito de recuperar algumas terras doadas pelo seu pai, custe o que custar. Ainda não sabemos a motivação. Teria descoberto um tesouro escondido naquela região? Seria uma reserva secreta de nióbio? Temos pelo menos mais 220 capítulos para descobrir.

De qualquer forma, é essa atitude o estopim para a trama, pois a tentativa de invasão culmina no assassinato do marido de Aline, personagem interpretada pela magnética Bárbara Reis. E o que acompanhamos nesses primeiros dias de novela foi a dificuldade de uma viúva ter seu luto respeitado.

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Ninguém deu a menor pelota para o falecido. A súbita viuvez fez com que Aline se tornasse a solteira mais cobiçada do pedaço, unindo as duas pontas que dão título à obra: ela defende aquela terra e por onde passa desperta paixão.

Desde aquela canção "Teresinha" do Chico Buarque que não acompanhávamos uma batalha tão ferrenha pelo coração de uma protagonista. Estamos acostumados à típica dualidade entre um mocinho e um vilão disputando a heroína de uma trama, mas Walcyr Carrasco inova ao substituir esse velho clichê por um trio de manés.

Dois deles são filhos do homem que mandou assassinar o marido dela.

Johnny Massaro é o engomadinho protegido pela mamãe. E um tanto masoquista —se apaixona perdidamente após ser humilhado durante uma tentativa de transação comercial. Se não der certo com Aline, posso indicar alguns restaurantes terríveis aqui em São Paulo.

Cauã Reymond é o filho renegado, que Tony Ramos culpa pela morte da primeira esposa no parto. É um personagem que demanda uma certa suspensão da descrença, pois ostenta uma autoestima baixa demais para alguém interpretado por Cauã Reymond.

E o terceiro pretendente é Paulo Lessa, um primo de consideração da protagonista, que retorna após muitos anos e se surpreende com a beleza da mulher que havia perdido o marido por intermédio de um assassinato encomendado para matá-la também, junto com o filho. Mas fazer o quê, o amor não tem hora e nem lugar.

Mas o grande destaque até aqui é mesmo Aline, que tem tudo para ser uma das melhores protagonistas do Carrasco. Firme, decidida e carismática, é um excelente fio condutor para a novela.

No mais, Terra e Paixão parece ser muito divertida. A ausência de plausibilidade de algumas situações são mais parecidas com a vida real do que muitas outras histórias que tentam retratar a crueza da experiência humana. Por mim, tudo bem.

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