Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Filme do Flash é a pior coisa que já aconteceu ao cinema mundial
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Difícil colocar em palavras o quanto que o filme do Flash é ruim. Não lembro de ter visto nada que reunisse tantas características tão terríveis em um único subproduto da indústria supostamente cultural.
Ainda atordoado pela experiência traumatizante, vou tentar elencar aqui todos os elementos que fazem desta película algo digno para os anais do que existe de mais lamentável entre as realizações criativas da humanidade.
Para começo de conversa, acho importante falar sobre Ezra Miller. Disseram que valia a pena manter o cidadão no projeto, mesmo depois de ter dado evidentes demonstrações de que não estava passando por uma fase muito positiva em sua vida pessoal. Trago más notícias: a fase é ainda pior na vida profissional.
Emulando a obra de Ashton Kutcher em seus momentos menos inspirados, o Barry Allen de Miller é desprovido de carisma e sem qualquer timing cômico. Impossível se conectar com o personagem principal, que ainda insiste em interjeições no pior estilo Pato Donald.
Quem já teve a oportunidade de ler os gibis do Flash sabe que Barry Allen é um nerd todo certinho, um zeloso e metódico chefe familiar. A adaptação cinematográfica subverte essas características para transformá-lo numa espécie de incel. É uma interpretação imperdoável de um personagem tão simpático.
O roteiro é um mato sem cachorro. Tem um momento-chave em que percebemos que a mãe do personagem está adiantando a lição de moral da história, que é basicamente "algumas questões não têm solução". O que poderia ser uma bonita ode ao estoicismo na verdade é uma bagunça de subtexto potencialmente problemático.
Alerta de spoiler nos parágrafos a seguir.
Flash estraga a linha temporal ao voltar no passado para tentar salvar a mãe de um assassinato. Ao arruinar o destino de milhões por um capricho pessoal, aprende que não faz bem para a saúde viajar no tempo. Então o que ele faz? Viaja no tempo novamente e permite que a mãe seja assassinada. Mas não sem antes alterar o passado de novo, dessa vez para livrar o pai da cadeia. Só que agora dá tudo certo! A única coisa que sofre mudança é o ator que interpreta o Batman.
Ou seja, salvar a mãe era perigoso, mas tudo bem dar uma mãozinha para o pai. O que Freud diria a respeito disso?
Os efeitos especiais estão entre os mais cafonas que tive a chance de prestigiar em tantos anos frequentando salas de cinema. O que deveria ser uma homenagem para o Christopher Reeve resulta numa cena que parece gameplay de jogo cancelado dos saudosos arcades da NeoGeo.
Aliás, as participações especiais que funcionam como piscadelas para os fãs com referências obscuras como o filme do Superman jamais protagonizado por Nicolas Cage, em vez de divertir e encantar, ficam parecendo o mais profundo desespero por parte dos produtores. Como se fossem disfarces para ludibriar o público e diminuir o impacto da ruindade de todo o resto. Sinto em informá-los, mas não funciona. O povo não é bobo!
E o Batman de Michael Keaton não tem rigorosamente nada a ver com o personagem que acompanhamos naqueles dois filmes dirigidos por Tim Burton. Nos melhores momentos, parece uma paródia da extinta revista Mad —nos piores, lembramos por quais motivos a revista saiu de circulação.
Tudo fica ainda mais deprimente pelo fato do filme fazer questão de reforçar o tempo todo que aquele é o universo originalmente projetado pelo Zack Snyder, uma mixórdia sob o ponto de vista criativo, estético e espiritual. Um engodo que já dura inexplicáveis 10 anos.
Com essa injustificada insistência no erro, o universo DC nos cinemas parece um jipe atolado no barro. Como em uma videocassetada, quanto mais ele acelera, mais damos risada. Até quando?
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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