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Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Icônica dívida de Belo com Denílson foi um marco cultural: pena que acabou

NAME A MORE ICONIC DUO (Cite uma dupla mais icônica) - Montagem UOL
NAME A MORE ICONIC DUO (Cite uma dupla mais icônica) Imagem: Montagem UOL

Colunista do UOL

12/07/2023 09h52

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O imbróglio entre Denílson e Belo já durava desde o ano 2000. O jogador adquiriu os direitos do conjunto Soweto em 1999 e o cantor picou a mula de lá para sair em carreira solo no ano seguinte.

Foi a melhor coisa que o Belo fez. O movimento deu origem a uma longa sucessão de canções inesquecíveis —os saudosistas podem até discordar, mas a versão solo de Marcelo Pires Vieira é infinitamente melhor que a maravilhosa fase no grupo.

Veja só, a dívida surgiu para que um dos álbuns mais acachapantes do pagode pudesse existir, o inesquecível Desafio. "Sou um bicho no cio, tão carente na cama / chega a dar calafrio, esqueceu que me ama?" Pelo amor do bom Deus, qualquer milhão de reais é pouco para bancar a existência da arte.

Mas além de servir como faísca para a mais sólida e agradável trajetória do pagode mundial, a tal da dívida também garantiu ao Denílson muito assunto ao longo desses 20 anos. Suas entrevistas em podcasts ficaram ainda mais interessantes graças ao curioso caso.

Ainda sou partidário do perdão: esse débito poderia ter se tornado o início de uma grande amizade, pois o verdadeiro mecenas investe tendo a melhoria da humanidade como retorno, em vez de miudezas financeiras. Uma pena que foi preciso levar às últimas consequências (o pagamento).

O dia em que Gugu saiu do SBT.
O dia em que Sandy e Jr se separaram.
O dia em que o Exaltasamba chegou ao fim.
O dia em que Fatima e Bonner anunciaram o divórcio.
O dia em que Faustão saiu da Globo.

Hoje é um desses dias.

O dia em que Belo pagou a dívida com Denílson.

Como era o mundo quando surgiu a icônica dívida de Belo com Denílson?

Maísa, João Gomes, João Guilherme e MC Melody ainda não existiam.

O auge da tecnologia era composto pelo Nokia tijolão da cobrinha, o Macintosh de capô fluorescente, tocador de CD no carro e televisores de tubo.

Nas bancas, a Veja falava de "Lula Light", com o então candidato petista tentando escapar da quarta derrota nas eleições presidenciais; Mônica Carvalho era capa da Playboy pelo sucesso de "Socorrinho da novela das 8"; a Internética era destaque na Trip e Angélica celebrava a estreia de um programa de adolescentes na manchete da Istoé Gente.

Nosso presidente era Fernando Henrique Cardoso, as torres gêmeas ainda estavam de pé, a seleção brasileira era tetra e estávamos todos embriagados pelo sucesso de Casa dos Artistas.

O mundo mudou muito de lá para cá. E certamente mudou ainda mais depois de hoje.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.