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Opinião

Chegou a hora do remake de Avenida Brasil

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A programação de novelas da Globo virou um museu de grandes novidades. Passamos por Pantanal, estamos no fim de Renascer e logo mais vem aí Vale Tudo. Entre uma e outra, sempre tem alguma coisa inédita. Mas quem se importa? A turma está ansiosa para saber quem será a nova Maria de Fátima.

A nostalgia se tornou um tema recorrente para quem busca refletir acerca do entretenimento -e não vamos falar apenas em termos brasileiros, mas mundiais. A busca pelo que sentimos ontem é a grande sensação do momento.

Até vejo gente tentando nadar contra a maré. "Chega de remakes"! "Basta de continuações"! "É para frente que se anda"! Vão vocês primeiro. Eu sou apegado ao passado, gosto de nadar no rasinho.

Fico feliz quando percebo que até o Domingão se rendeu aos conceitos mais modernos de anteontismo. A Xuxa fantasiada de Angélica numa batalha contra a Angélica fantasiada de Xuxa é uma ideia que só poderia ser concebida depois da popularização do multiverso e das variantes por intermédio dos filmes da Marvel.

Pois sabemos que a Disney briga com o TikTok pelo monopólio da dopamina mundial, como se nossas mentes fossem a reserva de uma espécie de nióbio emocional. É um panorama que vai além da cultura. A ferrenha disputa por atenção na economia implora por reações imediatas -e a grande arte nem sempre funciona dessa forma.

Não acho que a Globo tenha que esperar décadas até investir em remakes de seja lá o que for. Por isso que acredito ter chegado a hora de refazer Avenida Brasil com um novo elenco, talvez até com um autor diferente -só seria sacanagem com o Bruno Luperi chamá-lo para mais essa.

Os temas propostos pela novela original caducaram muito rápido nesses últimos 12 anos, quase tão rápido quanto todo o tecido social como conhecíamos. A polarização política, a tropicalização da cultura de teorias conspiratórias, o negacionismo, os coaches trambiqueiros e a proliferação de cassino virtuais são elementos que casariam perfeitamente com um novo olhar sobre a obra. Ou vai dizer que o Tufão não tem cara de quem perderia tudo no jogo do tigrinho?

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Assim como Robert Downey Jr. vai voltar ao universo Marvel em um novo papel porque a Disney não quer correr o risco de perder dinheiro por escalar alguém que possa vir a ser rejeitado, acredito que Murilo Benício ou Adriana Esteves teriam espaço garantido no remake, em papeis totalmente diferentes.

Nesses tempos bicudos, qualquer novidade que cometa a ousadia de merecer um investimento precisa ser muito bem disfarçada de coisa antiga, para que as pessoas não tomem um susto. Se executados com alguma liberdade criativa, os remakes podem funcionar como um cavalo de Troia. Seguimos. Quer dizer, mais ou menos.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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