O povo brasileiro tem uma dívida e não pode repetir o que fez com o Koo
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Desde que o X, antigo Twitter, foi bloqueado no Brasil, uma multidão de tuiteiros desesperados invadiu outras paragens virtuais. Os ascetas do mundo invertido evitaram trabalhar essa autodisciplina! Preferimos manter a ansiedade em alta reagindo ao mundo em tempo real em plataformas como o Bluesky e o Threads.
Cada uma tem suas particularidades. O Bluesky é meio tosco, não tem suporte para vídeo e nem algoritmo, e essas estão entre suas melhores vantagens. É um clima de boteco de bairro, ou de restaurante a quilo visitado por pombos, mas limpinho.
E o Threads é uma iniciativa da Meta, mãe do Facebook. Funciona como uma extensão do Instagram, outra aba da mesma moeda, ou o outro lado de um bitcoin. Lá tem vídeo, tem algoritmo, mas não tem muita alma.
Não por acaso, os tuiteiros mais entusiasmados estão tentando manter um pé em cada canoa. Meio como o Menino Maluquinho naquela parte do livro em que revela contar certos segredos para uns amigos e outros para uma turma diferente.
E tem também os segredos que guardamos para nós mesmos. Tem muita gente incomodada de maneira aparentemente definitiva com a rede social do Elon Musk, fazendo juras de amor pelas novas plataformas. Mas o que fazer quando eventualmente aquele X com tipografia horrorosa que parece rótulo de energético falsificado voltar a ficar disponível por aqui?
Em outro momento de dificuldade, os tuiteiros desenganados recorreram ao Koo. Com todo respeito, é claro. A rede social indiana ficou animadíssima com a alta demanda por parte dos usuários brasileiros. Foi um pico histórico! E uma queda monumental. Quando o problema daquela vez foi resolvido, todo mundo voltou de mala e cuia pro ex-Twitter.
Com nosso engajamento pulsante e interesse flutuante, isso estabelece uma dívida importante dos internautas brasileiros para com os desenvolvedores em ascensão do mundo todo, e levanta outras questões fundamentais.
Será que somos confiáveis para o Bluesky e o Threads ou estamos apenas passando um tempo enquanto as coisas se resolvem? É possível fazer um uso ético e responsável de qualquer rede social gerida por big techs ou bilionários? Dependendo de quanto tempo passar até a liberação, se ela ocorrer, será que outra plataforma consegue ocupar o lugar do X em nosso ecossistema político, cultural e psicológico?
Pessoas melhores que eu terão que responder essas perguntas. Aproveitei o banimento do Twitter para tirar uns dias de folga. Até terça!
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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