Chico Barney

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Opinião

Fãs ficam preocupados: então não vale tudo no remake de 'Vale Tudo'?

A cada novidade que anunciam ou é vazada a respeito do remake de "Vale Tudo", uma onda de negatividade toma conta das redes sociais. Normal. Depois da frustração com "Renascer", qualquer releitura de novelas clássicas enfrentaria uma certa rejeição.

A autora responsável pela adaptação é Manuela Dias, que deu uma ótima entrevista para Pedro Martins na Folha de S.Paulo e deixou ainda mais gente de cabelo em pé. Tirando eu, quem me conhece sabe. Mas tergiverso.

Manuela expôs um pouco mais a respeito de sua visão sobre a obra original e também de quais maneiras pretende trazer a proposta de Gilberto Braga não só para os tempos atuais, mas também para sua visão de mundo.

"Falar mal do Brasil não é mais legal", ela diz, justificando que pretende fazer uma crítica mais construtiva do que a versão de 1988. E contextualiza de um jeito interessante suas intenções. Acredita que é impossível dissociar a trama da novela com o clima do país naquele período logo após o fim da ditadura militar.

A entrevista me deixou mais curioso em relação ao remake. Tanto "Pantanal" quanto "Renascer" foram muito respeitosas com as versões originais. Eu gosto da ousadia de quebrar o cânone.

Infelizmente sou um contumaz consumidor de cultura pop. Do bug do milênio para cá, se tornou cada vez mais comum essa ideia de que em tempos em tempos é necessário recontar a mesma história com olhares diferentes. Basta ver a quantidade de atores que interpretaram o Homem-Aranha nos cinemas desde 2002. E o Batman, então?

Inevitavelmente as pessoas vão ter suas versões favoritas. E sempre existirão os debates acalorados sobre os erros e acertos, não só pelas decisões criativas, mas também pela interpretação dos responsáveis por adaptações em relação ao material de base.

E essa é parte fundamental da graça de refazer um filme, série ou novela. Fico muito mais animado de passar nervoso com adaptações que talvez eu venha a considerar equivocadas do que rever a mesma história mudando apenas aquele filtro gélido que a Globo está usando nas novelas há uns anos.

Vale ler a entrevista da autora na Folha. Eu tenho dúvida de várias premissas que ela apresenta ao longo da conversa, mas adoro que elas existam. Não haverá consenso e ela terá que lidar com milhões de telespectadores-autores lidando com suas próprias expectativas e lembranças. Mas enquanto não começa, não podemos ser tão caretas.

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Como a própria Manuela Dias diz, "quem quer ver Beatriz Segall como Odete pode ver no Globoplay. Não faz sentido mimetizar o original". E a rigor seria isso. Que realmente valha tudo no remake de "Vale Tudo". Se vai ser bom? Isso a gente vê depois.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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