Marília Mendonça precisa entender: transfobia mata - e LGBTs não são piada
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Resumo da notícia
- Cantora foi acusada de transfobia após comentário debochado durante live
- Nas redes sociais, Marília Mendonça pediu desculpas e disse que vai "melhorar"
- Não basta pedir desculpas para apagar incêndio. É necessário entender o que a população trans passa no Brasil
Desde a noite do ontem, Marília Mendonça está entre os assuntos mais comentados do país. Durante sua última live, a cantora achou que seria divertido contar a história de um amigo, que teria beijado "a mulher mais bonita da vida dele" na boate Diesel, em Goiânia, um clube LGBT. "É só isso. O contexto vocês não vão saber", debochou, aos risos, a artista. Não é preciso ser nenhum gênio da interpretação de texto ou da análise de discurso para entender o que a sertaneja quis dizer: o amigo beijou uma mulher trans e só descobriu depois - como se isso fosse fazer alguma diferença ou ela deixasse automaticamente de ser bonita.
Nas redes sociais, imediatamente Marília passou a ser acusada de transfobia. E com razão. De olho na grande repercussão e na decepção de parte do seu público, a cantora se apressou em pedir desculpas: "Pessoal, aceito que fui errada e que preciso melhorar. Mil perdões. De todo o coração. Aprenderei com meus erros. Não me justificarei".
Marília não tem somente de pedir desculpas. Ela precisa aprender que há um contexto muito maior envolvendo sua "piada". Por anos e anos, LGBTs são alvos de "brincadeiras", que, quando não são aceitas, podem resultar em agressão ou morte.
Segundo levantamento da ONG Transgender Europe, o Brasil é líder em assassinatos de transexuais em todo o mundo. Em nosso país, uma simples campanha de Dia dos Pais, estrelada por um homem trans, vira combustível para uma campanha de difamação. Por aqui, aos transgêneros, em determinados lugares, é negado o direito a fazer xixi ou cocô em banheiros públicos. O básico.
Um comentário debochado como esse feito por Marília não só nega o direito à afetividade a uma parcela já muito discriminada. Ele ainda banaliza esse tipo de violência e bullying a que a comunidade trans é submetida constantemente. A coluna já disse e repete: não é "piada" quando só uma parte envolvida na "brincadeira" está rindo. A cantora precisa se informar melhor sobre o assunto. Apoiar projetos de inclusão a LGBTs. E mais: tornar seus shows um lugar seguro para pessoas trans - se alguma delas ainda quiser frequentá-los. É o mínimo.
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