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'Bom Dia, Verônica' prova que Brasil tem vocação para séries policiais

Janete (Camila Morgado) e Verônica (Tainá Muller) em "Bom Dia, Verônica" - SUZANNA TIERIE/NETFLIX
Janete (Camila Morgado) e Verônica (Tainá Muller) em "Bom Dia, Verônica" Imagem: SUZANNA TIERIE/NETFLIX

Colunista do UOL

09/10/2020 15h00

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Resumo da notícia

  • Apesar de problemas de áudio, série prende o espectador do começo ao fim
  • Trio de protagonistas vivido por Tainá Muller, Du Moscovis e Camila Morgado entrega grandes atuações
  • História do livro foi aliviada para ir ao ar na Netflix, mas concessões não atrapalham a história

Publicado originalmente em 2016, "Bom Dia, Verônica" ficou nas prateleiras policiais das livrarias sem grande destaque, talvez porque pouca gente conhecesse sua autora, Andrea Killmore. Anos depois, tão logo se revelou que a autora tratava-se de um pseudônimo para dois especialistas no gênero, tudo mudou. Escrito por Ilana Casoy, especialista em serial killers, e Raphael Montes, uma dos escritores mais celebrados de romances de suspense atualmente, o livro foi logo adaptado pela Netflix, que acaba de lançar uma série homônima.

Se no romance Casoy e Montes tocam em temas ousados como necrofilia, no seriado, também feito sob sua tutela, eles fazem concessões. Nenhuma delas, no entanto, prejudica o andamento da produção, que pode, desde já, ser considerada uma das melhores séries nacionais dos últimos anos. "Bom Dia, Verônica" acompanha os passos de Verônica Torres (Tainá Muller), uma escrivã da polícia que passa a investigar paralelamente dois casos enquanto os concilia com a familiar. Enquanto tenta encontrar um sedutor da internet que chantageia suas vítimas, a agente acaba se deparando com um perigoso assassino em série.

O que a série oferece é uma história fortíssima e muito importante de ser debatida hoje, uma vez que usa relacionamentos abusivos e violência contra a mulher de pano de fundo. Ainda que alivie tramas ou descrições contidas no livro que a originou, a produção se destaca pelo roteiro bem amarrado e pelas atuações impecáveis de seu trio de protagonistas.

De difícil construção, a protagonista vivida por Tainá Muller cresce muito graças a opções ousadas da atriz e oferece grandes perspectivas para o futuro. Da mesma maneira, Du Moscovis consegue mergulhar no universo violento do vilão que interpreta. Já Camila Morgado oferece ao espectador cenas memoráveis e uma atuação poderosa na pele de Janete, mulher submissa e vítima de agressões. É, de longe, um dos maiores trabalhos de sua carreira.

Há, no entanto, um problema incômodo em "Bom Dia, Verônica": o som. Por vezes, fica praticamente impossível entender o que falam alguns personagens por causa do áudio mal equalizado e baixo. Assistir com legenda, em alguns momentos, facilita a experiência. Da mesma maneira, a série encontra seu tom, assim como sua direção, a partir do segundo episódio. Nada disso, no entanto, apaga os méritos de uma trama construída para ter mais temporadas. E, com certeza, a policial vivida por Tainá Muller precisará ser vista novamente.