Só existe um culpado pela demissão de Rodrigo Constantino: ele mesmo
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Resumo da notícia
- Comentarista político foi demitido após dizer que colocaria a filha "de castigo" em caso de estupro
- Jovem Pan, Record, Rádio Guaíba e jornal "Correio do Povo" rescindiram contrato
- Nas redes sociais, declarações causaram repúdio por parte de vários jornalistas
Na última quarta-feira (4), as redes sociais foram tomadas de assalto por um vídeo no qual Rodrigo Constantino, comentarista da rádio Jovem Pan, falava sobre o caso de Mari Ferrer, influenciadora que viu o homem que acusava de estupro ser inocentado em uma audiência com conduta discutível de promotoria e defesa. "Se minha filha chegar em casa, e eu dou uma boa educação para que isso não aconteça, mas a gente nunca controla tudo, se ela chegar em casa um dia dizendo 'pai, fui numa festinha e fui estuprada', eu vou pedir as circunstâncias", diz Constantino.
Não bastasse, o comentarista continuou: "'Fui para uma festinha, eu e três amigas, tinha dezoito homens, nós bebemos muito e eu estava ficando com dois caras e acabei dormindo lá e fui abusada', ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha. Por que alguma coisa ali ela errou feio, e eu devo ter errado para ela agir assim".
Dada a repercussão negativa dessa declarações que culpabilizam vítimas de estupro de maneira bastante insensível, a Jovem Pan decidiu rescindir contrato com o jornalista. O mesmo fizeram a Record, a Rádio Guaíba e o jornal "Correio do Povo". Todos os veículos consideram o comentário desrespeitoso e não condizente com seus valores.
No Twitter, vários jornalistas criticaram o comentarista político. Em uníssono, muitas e muitos jornalistas se mostraram abismados com o comportamento do colega, assim como boa parte da sociedade. Os absurdos ditos por Constantino foram captados em vídeo. Ninguém colocou tais frases em sua boca. Ninguém escreveu seu texto. Ninguém pediu que ele dissesse tais absurdos. Não foi o "movimento feminista" quem criou suas declarações. Não partiu de terceiros. Partiu dele, um homem adulto, com opinião lamentável e pouca empatia sobre um assunto tão sério. E, sem pedir desculpas ou mostrar arrependimentos, ainda tentou imputar a outros a responsabilidade por sua dispensa, chegando a fazer ameaças na rede social. "Acho que não entenderam que mexeram com a pessoa errada", escreveu.
De fato, ele mexeu com as pessoas erradas. Ofendeu muitas mulheres. Ofendeu muita gente com seu comentário. Sendo assim, o equívoco consiste em culpar alguém por sua demissão. Só existe um responsável pela dispensa de Constantino: ele mesmo.
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