Famosos que furam isolamento e desdenham da pandemia não merecem respeito

Por incrível que pareça, não é de se surpreender que famosos como Gabigol e MC Gui tenham sido flagrados - e detidos - em eventos clandestinos. Desde que a pandemia começou, são muitos os famosos que fingem não saber da gravidade da pandemia. Em dezembro, Carlinhos Maia promoveu uma festa repleta de famosos, em Alagoas, que, mais que deboche pelas publicações em redes sociais, acabou com convidados testando positivo para o coronavírus. Atores e atrizes têm dado festas. Cantores têm dado churrascos e publicado nas redes sociais. O que chama atenção não é a falta de responsabilidade, é a certeza da impunidade.

Na polícia, o delegado que deteve Gabigol e MC Gui afirmou que o jogador "falava com ar de superioridade" após ser visto em um cassino - atividade proibida com ou sem covid no Brasil - com mais de 200 pessoas. Em maio do ano passado, o atleta já vinha sendo acusado de promover festas lotadas em sua casa. O barulho incomodava os vizinhos. Também teria sido convidado para a balada de fim de ano de Neymar, prevista para durar cinco dias, mas que, exposta pela imprensa, acabou antes do que deveria.

Já MC Gui tem no currículo várias polêmicas. Entre elas, está o dia em que achou que seria engraçado expor uma criança durante uma viagem a Disney por causa de sua aparência. Na época, disse que "a internet estava muito chata", mas pediu desculpas e garantiu não saber que estava fazendo bullying. Será que agora o funkeiro vai argumentar que não sabia que durante o último ano uma pandemia tem assolando o mundo e, só no Brasil, matou mais de 277 mil pessoas?

Os dois, claro, não são os únicos.

Em agosto do ano passado, Cauan, sertanejo que faz dupla com Cleber, mobilizou boa parte do país ao ser internado por causa de complicações da covid. Após publicar vídeos desdenhando da pandemia, o cantor chegou perto de perder a vida. Receber alta da UTI, mas viu seu pai e sua mãe também serem levados ao hospital por testarem positivo. Em casa, fez um no mea culpa no "Fantástico". Passados seis meses dessa experiência traumática, foi flagrado cantando em um casamento lotado, com convidados sem máscara, em Balneário Camboriú (SC).

Após críticas nas redes sociais, o sertanejo, que está em uma propaganda do governo de Goiás a favor do isolamento, pediu desculpas. Em nota, a assessoria de Cleber e Cauan informou que a "dupla sabe que errou ao contribuir para os momentos de aglomeração e pede desculpas, se solidarizando com o enfrentamento dessa pandemia que assola nosso país". O cachê, claro, foi embolsado. A ideia de se desculpas doando para instituições necessitadas ou comprando oxigênio aparentemente não passou pela cabeça.

Quanto a Gabigol, o Flamengo decidiu que o fato de furar isolamento e colocar a todos em risco não é grave. O clube não pretende multar o atleta. Ou seja: considera que é normal promover aglomerações. MC Gui, por sua vez, em algum momento gravará novo vídeo e provavelmente torcerá para ser descancelado novamente.

Não importa que atitude tomem. Para estes famosos, a pandemia não tem relevância. As mais de 277 mil vidas perdidas não merecem ser lembradas. As famílias não merecem respeito. No mundo da influência, há quem aspire a ser como seus ídolos. É uma pena que o Brasil anda repleto de ídolos que não merecem esse tipo de admiração. Os famosos do país têm virado um poço de mau exemplo.