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Fala de Monark sobre nazismo prova: é hora de responsabilizar 'influencers'

Colunista do UOL

08/02/2022 12h26

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Em outubro do ano passado, uma fala no Twitter de Monark, apresentador do Flow Podcast, um dos mais ouvidos do país, causou estranhamento e despertou reações. Na época, ele perguntou ao advogado Augusto de Arruda Botelho: "Ter opinião racista é crime?". Vídeos de outros debates com o tema surgiram. Patrocinadores se posicionaram contra a declaração e suspenderam ações no programa.

Agora, nesta terça-feira (8), Monark teve outras afirmações gerando grande revolta nas redes. Em conversa com os deputados Kim Kataguiri (Podemos-SP) e Tábata Amaral (PSB-SP), o podcaster disse: "Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil". Não satisfeito, ainda completou: "Se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser anti-judeu".

Obviamente, a declaração causou repúdio imediato. No Brasil, de acordo com o artigo 20 da Lei 7.716, é crime fabricar, comercializar e distribuir símbolos para divulgação do nazismo. Ainda assim, um mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que se dedica a pesquisar o assunto, mostra que existem pelo menos 530 núcleos extremistas no país. Em três anos, houve um crescimento de 270,6% no número de grupos neonazistas por aqui. Para quem não sabe, nazistas perseguem judeus e também qualquer indivíduo não-branco e não-heterossexual - para dizer o mínimo. No Holocausto, cerca de 6 milhões de pessoas foram mortas pelo partido nazista.

Monark fala para milhões de pessoas com seu podcast. É apoiado por dezenas de marcas. É de ficar assustado que não sofra reprimenda das plataformas nas quais distribui seu conteúdo. Ao sugerir a existência de um partido nazista no país, ele contraria princípios básicos da Constituição brasileira. Mesmo relativizando racismo e nazismo, o apresentador é tipo como um grande influenciador digital. A questão é: que tipo de influência essas marcas e plataformas estão ajudando a propagar? Por que esse tipo de conteúdo segue sendo divulgado, sendo que ele fere princípios básicos da dignidade humana?

Está na hora de responsabilizar esses ditos "influencers". Não dá para para normalizar uma opiniões que estimulam crimes. E essa responsabilidade se estende não só a marcas e plataformas, mas, também, aos convidados que se propõem a discutir com quem relativiza horrores como o nazismo e o racismo. Em outros países, Monark provavelmente responderia na Justiça por suas declarações. O que está se esperando para cobrar uma forte atitude contra esse tipo de absurdo? Perguntar não ofende.

Atualização: Pelo Twitter, Monark pediu desculpas e disse que estava "muito bêbado". "Peço perdão pela minha insensibilidade".