'BBB 22': Não dá mais para tolerar a transfobia de Eslo e Lucas com Lina

Os participantes do "BBB 22" estão morando juntos há mais de um mês. Nesse tempo, já deu para perceber características marcantes de seus companheiros de confinamento: quem joga muito, quem gosta de dormir, quem é fofoqueiro, quem tem crushs. Nessas cinco semanas de programa, informações como essas, completamente banais, foram absorvidas sem problemas. É de se chamar a atenção, portanto, que Lucas e Eslovênia sigam errando os pronomes de Lina, algo bem distinto de todos os exemplos citados acima. Algo que valida a sua existência como mulher no mundo, na vida - e não apenas em um programa de TV.

Lina é uma travesti. Lina é mulher trans. Não importa o termo usado, a única coisa que precisa ser dita sobre o assunto é o óbvio: travestis e mulheres trans são mulheres. E ponto. Qualquer opinião fora disso é transfobia. Pesada. E é exatamente isso que Lina tem sofrido desde que entrou na casa mais vigiada do país. Na primeira semana, Eslovênia errou seu pronome diversas vezes, chamando-a de "amigo" ou "ele". Na festa do líder da última quarta-feira (23), Lucas tratou Natália e Lina como "os dois". Na época, já nos primeiros dias, a cantora alertou: "Não dá para errar mais".

Em versões de outros países, a transfobia certamente teria rendido advertência. Em caso de incorrer no erro, poderia resultar em expulsão. No "Big Brother" inglês, por exemplo, casos de racismo e homofobia pelo uso de palavras ou expressões ofensivas tiveram desfechos semelhantes. O Brasil é o país que mais mata travestis em todo o mundo por crimes motivados pelo ódio. Não é apenas sobre uma palavra. É sobre o apagamento de uma vida que representa uma comunidade inteira.

Agora, transcorridos 37 dias de jogo, Eslovênia e Lucas voltaram a magoá-la ao tratá-la no masculino. O que isso mostra é que ambos não estão preocupados em se comunicar com Lina ou mostrar algum interesse por ela. Para os dois, Lina é um número dentro de um jogo, desprovida de sentimentos.

Ao saber que errou e fez com que a cantora chorasse, Lucas foi desabafar com a namorada, que afirmou que "errar era bom". Esquece a ex-Miss que ela foi incapaz de aprender com os erros dela de antes. Errar não é bom. Bom é acertar, é tratar a todos com o respeito que merecem. E Lina muito respeito.

Lina tem uma música em que diz que "matou o Júnior", em referência a seu passado, antes da transição. Quando a tratam no masculino, seus companheiros matam Lina. Para a intolerância de Eslovênia e Lucas o "BBB" tem de ter tolerância zero.