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Faltou a Milton Gonçalves um protagonista à sua altura nas novelas
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O Brasil, em geral, costuma perceber a importância de grandes artistas apenas depois de sua morte. Em vida, Milton Gonçalves já era considerado uma lenda. Referência para o movimento negro e para a dramaturgia, o ator, que morreu nesta segunda-feira (30), aos 88 anos, tinha no currículo mais de 40 novelas. De nenhuma delas foi protagonista, ainda que tenha interpretado personagens importantes. Em outras, foi chamado para participações dando vida a um juiz ou um padre.
O que é triste para quem acompanha a teledramaturgia é que, mesmo com o avançar do tempo e maior discussão sobre questões raciais, Milton não tenha ganhado papeis que refletissem a sua real importância para a arte e a cultura do país. Agora, no final da vida, houve mostras por parte da Globo de reconhecimento de seu legado. Um especial de fim de ano, chamado "Juntos a Magia Acontece", escrito por Clessia Regina Martins, deu ao ator um de seus papéis mais sensíveis. O de um Papai Noel negro, patriarca de uma família que tenta se reerguer após uma dura perda.
No cinema, em tempos de muito preconceito, corajosamente encarou a missão de dar vida a Madame Satã, em "A Rainha Diaba", de 1975, filme fundamental para o movimento LGBTQIAP+. Na vida, lutou para que atores negros tivessem melhores papéis. Tudo isso, muitas vezes, durante a ditadura.
Colega de trabalho de nomes como, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Flávio Migliaccio, Oduvaldo Viana e tantos outros, Milton Gonçalves merecia ter sido mais celebrado em vida. Entre peças, filmes e novelas, esteve em mais de cem produções. Seu legado, no entanto, estará disponível para ser melhor descoberto.
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