'Pantanal' termina com sucesso, mas mostra que tramas precisam de renovação

Quando anunciado, o remake de "Pantanal" virou a certeza de uma grande aposta da Globo. Antes mesmo da estreia de "Um Lugar ao Sol", sua antecessora, a adaptação de Bruno Luperi para o original de Benedito Ruy Barbosa gerou grande expectativa pela escalação do elenco ou pela geografia, num tempo devastado pelo desmatamento e pelas queimadas. Uma vez no ar, o folhetim, aos poucos, mostrou que soube se atualizar bem com algumas questões.

Depois de declarações infelizes de Ruy Barbosa sobre homossexuais, a história virou um libelo contra o preconceito e a favor da diversidade. O feminismo também ganhou espaço, com personagens longe da submissão de outros tempos. Maria Bruaca, brilhantemente interpretada por Isabel Teixeira, roubou a cena e virou uma figura popular.

O que se pode aprender com a experiência de "Pantanal" - para além do grande erro que foi ter deixado a trama seguir para a Manchete nos anos 90 - é que o público anda saudoso dos tempos de grandes histórias, de narrativas robustas e cenários diversos. Ao mesmo tempo, numa era em que a internet tem tirado cada vez mais a atenção do público jovem, a novela tem precisado se reinventar para conquistar esse novo público.

A nostalgia de "Pantanal" foi um grande atrativo para a audiência, mas não pode tornar-se uma licença para que a Globo vire uma fábrica de remakes. Há um grande risco, caso isso ocorra, que o pé no passado não forme uma nova audiência e mantenha apenas a antiga. Neste momento, já está previsto um remake de "A Viagem", sucesso de Ivani Ribeiro. Há quem aposte que outros virão, em nome da audiência fácil. Se a Globo não tiver parcimônia na experiência, o processo de renovação de todo um gênero será interrompido.