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Com discurso LGBTfóbico, Cássia Kis joga fora uma carreira a ser celebrada
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Não faltaram grandes papéis a Cássia Kis ao longo de décadas de carreira. Foi ela que deu vida à assassina de Odete Roitman (Beatriz Segall) em "Vale Tudo", que colocou em discussão um grande dilema em "Barriga de Aluguel", que fez rir em "Fera Ferida", que interpretou uma serial killer em "Porto dos Milagres", dentre tantos outros. Sua trajetória na dramaturgia é, sem dúvida, vitoriosa. Mas tantos trabalhos incríveis correm o risco de serem ofuscados pelas recentes - e trágicas - declarações dadas em suas últimas entrevistas.
Em conversa com Leda Nagle, a atriz afirmou: "Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando. Duas meninas dentro de uma escola se beijando, onde há um espaço chamado beijódromo". Cássia se refere a uma fake news, já desmentida, que circulou recentemente nas redes sociais, mas, independente da informação, fica clara a contrariedade da atriz a relações homoafetivas.
Em seu discurso ela ultrapassa qualquer limite do razoável: "O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana? Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?". A atriz ainda reforça a importância do "espermatozoide e do óvulo", como se nada tivesse aprendido durante os anos 90, com "Barriga de Aluguel", ou não estivesse atualizada das múltiplas possibilidades de tratamento. E mais ainda: esquecesse de que casais LGBTs podem adotar filhos abandonados por heterossexuais.
A história mostra que talento nunca foi sinônimo de caráter ou sensatez. Há muitas figuras execráveis que eram reconhecidamente talentosas. O que chama atenção é que, em pleno 2022, uma atriz com uma carreira que deixaria um importante legado prefira ser lembrada por declarações preconceituosas do que pelo seu trabalho. É completamente lamentável e longe de compreensível. Cássia Kis jogou fora a chance de ser celebrada pelo que tinha de mais importante: seu trabalho. Agora está ofuscada pelo preconceito.
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