Topo

Histórico

Fefito

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Afinal, torcer nessa Copa significa silenciar para a LGBTfobia?

A Copa do Mundo começou neste domingo (20)                               - AFP
A Copa do Mundo começou neste domingo (20) Imagem: AFP

Colunista do UOL

22/11/2022 12h45

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Nesta terça-feira (22), o jornalista Victor Pereira relatou ter sido ameaçado por autoridades do Qatar após empunhar a bandeira de Pernambuco. Como há um arco-íris na flâmula, confundiram com um símbolo dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Victor afirmou que teve o celular confiscado e foi obrigado a apagar as imagens que havia captado. Este é apenas um dos muitos casos já esperados durante o mundial de futebol. Desde que foi anunciado como sede da Copa, o Qatar deixou bem claro que não toleraria manifestações de afeto homoafetivo. Antes mesmo de o evento começar, surgiram denúncias de gays seduzidos por meio de aplicativos de relacionamento apenas para serem presos quando se dirigiam ao encontro de seus falsos pretendentes.

No Qatar não se pode andar de mãos dadas, dividir a mesma cama e nem mesmo usar arco-íris. Para um LGBT, portanto, torcer para o sucesso de seu time favorito da competição torna-se um dilema. Os clubes que se ofereceram a usar braçadeiras em nome da diversidade foram ameaçados pela Fifa com cartão amarelo como punição. Não há, portanto, por parte da organizadora do evento, nem um pouco de empatia.

Para os LGBTs a solução parece ser dissociar a partida do lugar em que ela está sendo sediada. Em alguma medida, no entanto, corre-se o risco de silenciar perante mais uma violência sofrida pela comunidade. Em campo, até mesmo na seleção, há jogadores aliados com o conservadorismo de políticos homofóbicos. Há que se perguntar, portanto, se a Copa é de fato um evento a ser celebrado e se vale a pena ignorar toda a homofobia que carrega consigo nesta edição.