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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Com representatividade indígena, 'Cidade Invisível' corrige distorções

Marco Pigossi, protagonista de Cidade Invisível, que está disponível na Netflix. - Divulgação/Netflix
Marco Pigossi, protagonista de Cidade Invisível, que está disponível na Netflix. Imagem: Divulgação/Netflix

Colunista do UOL

26/03/2023 14h43

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Quando estreou sua primeira temporada, há dois anos, "Cidade Invisível" recebeu vários elogios da crítica, mas também foi alvo de ativistas. O questionamento era como uma série que fala sobre o folclore brasileiro não tinha representatividade indígena, uma vez que as lendas surgiram graças aos povos originários. De olho na repercussão, a Netflix correu para corrigir a distorção na segunda leva de episódios da produção criada por Carlos Saldanha.

Além de transferir a história do Rio de Janeiro para Belém, no Pará, o seriado escalou boa parte do elenco com descendência indígena. Estrelada por Marco Pigossi, a série deixou de lado o olhar de exotismo sobre a cultura brasileira para entender como sagrada a cultura dos seres míticos da floresta e trazer debates relevantes. Fala-se sobre garimpo, sobre desmatamento e sobre a dívida histórica que os anos de devastação criaram com os povos originários. Até mesmo a linguagem é readequada: "Índio, não. O correto é indígena", afirma uma das personagens.

O que a segunda temporada de "Cidade Invisível" mostra é que houve maior abertura para ouvir consultores sobre folclore e a cultura nacional. O equilíbrio entre uma história de ação e uma cultura conscientemente correta não pareceu extrapolar do entretenimento para o didatismo. Com isso, "Cidade Invisível" seguiu sendo um seriado extremamente divertido, com direito a novas lendas. Além de apostar em novos rostos, a série traz ainda Letícia Spiller ótima e irreconhecível como Matinta Peré e arrasa nos efeitos, especialmente no que diz respeito à Mula sem Cabeça.

A Netflix melhorou o que já era bem acima da média.