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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Demissões na Globo põem fim à era dos 'supersalários' também no jornalismo

Os repórteres Eduardo Tchao, Flavia Januzzi, Marcelo Canellas e Monica Sanches - Reprodução/Internet
Os repórteres Eduardo Tchao, Flavia Januzzi, Marcelo Canellas e Monica Sanches Imagem: Reprodução/Internet

Colunista do UOL

06/04/2023 04h00

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Desde a última terça-feira (4), uma onda de demissões tem atingido o jornalismo da Globo em suas cinco emissoras de rede - Rio, São Paulo, Recife, Minas e Brasília. O movimento era de certa forma considerado provável, uma vez que a empresa já vinha promovendo cortes em várias áreas, mas não deixou de surpreender, por quebrar a sequência de cortes anteriores em que o jornalismo foi preservado.

Nomes como Fábio Turci, César Galvão, Leila Sterenberg, Monica Sanches e Eduardo Tchao foram dispensados pela emissora num esforço de contenção de custos.

O mesmo aconteceu no artístico da Globo, que há anos passou a dispensar nomes que por anos manteve sob contratos longos. Medalhões como Miguel Falabella, Vera Fischer e Antonio Fagundes deixaram a empresa sob a mesma justificativa de se adequar aos novos tempos no que diz respeito às finanças.

Repórteres e editores da Globo sempre foram muito bem remunerados, em sua maioria. A emissora tem seu jornalismo reconhecidamente como uma grife, por isso mesmo mantinha bem recompensados figuras populares entre sua audiência há décadas. Com tanto tempo de casa, não era impossível ver repórteres ganhando entre R$ 30 mil e R$ 60 mil, o que, no mundo jornalístico, é muito acima da média.

Atualmente, um repórter iniciante na emissora recebe entre R$ 7 mil e R$ 12 mil, o que dá uma dimensão da economia.

Internamente, as dispensas têm sido encaradas como o fim da era dos "supersalários". Atualmente, dá para contar nos dedos quem ainda tem soldo alto como nos tempos áureos da emissora. É o caso de nomes como William Bonner, Renata Vasconcellos e Sandra Annenberg. A partir de agora, até mesmo novos apresentadores ganharão consideravelmente menos do que receberiam décadas atrás.

Em comunicado, a Globo afirmou que, "assim como as demais empresas de referência do mercado, tem um compromisso permanente com a busca de eficiência e evolução, mas lamenta quando se despede de profissionais que ajudaram a escrever e a contar a sua história. Isso, no entanto, faz parte da dinâmica de qualquer empresa. Os resultados da Globo refletem a boa performance do conjunto das suas operações e uma constante avaliação do cenário econômico do país e dos negócios. Como parte do processo de transformação pela qual vem passando nos últimos anos e alinhada à sua estratégia, a empresa mantém a disciplina de custos e investimentos em iniciativas importantes de crescimento".

É o fim de uma era e o início de uma nova página no jornalismo do canal.