Nos bastidores, Palmirinha era ainda mais doce do que na TV

Por quase uma década da minha vida trabalhei na TV Gazeta, onde participei do "Mulheres" e apresentei o "Fofoca Aí". Emissora tradicional em São Paulo, ela era a eterna casa de uma lenda viva. Foi lá que Palmirinha Onofre virou figura nacionalmente conhecida e onde tive a honra de conhecê-la. Na primeira vez que nos vimos, ela foi fazer uma participação em um dia no qual eu não estaria no ar. No meio de uma consulta médica, recebo ligação do diretor dizendo para ir para o estúdio porque ela queria muito me conhecer. Até hoje a sensação de gente que você cresceu assistindo saber seu nome é algo surpreendente para mim, mas, óbvio, fui.

Ao chegar ao programa, ela me abraçou, me disse que tinha me levado docinhos - camafeu de nozes - e afirmou que nos assistia todo dia. O encontro se repetiu várias e várias vezes, em alguns momentos com mais ainda intensidade. Um dia, ao relembrar o amor perdido da juventude, chorou segurando a minha mão enquanto contava a história para Regina Volpato.

Em todos - literalmente todos - os dias nos quais a apresentadora foi à TV Gazeta acontecia algo que só ocorria com ela. Pessoas de todos os andares do prédio e setores da empresa faziam questão de ir até Palmirinha para cumprimentá-la e dizer que tinham saudade. Câmeras, assistentes, executivos. Não importava o cargo, ela era abraçada por todos e retribuía o carinho. Nos bastidores, era ainda mais doce do que no ar. Era um exemplo de simplicidade e carinho. Uma mulher de uma dignidade ímpar.

É difícil digerir uma notícia como a de sua morte porque com ela se vai uma era inteira da televisão brasileira, com um estilo único e só dela. Palmirinha era uma lenda viva da TV e todos sabíamos disso. Fez história e será sempre uma referência entre os programas de culinária. Que falta fará. E que legado poderoso deixou.