Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ao censurar outro beijo lésbico, Globo vai contra progresso que tanto prega
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Pela segunda vez em menos de uma semana, a Globo decidiu vetar a exibição de um beijo entre mulheres. Depois de censurar uma cena envolvendo as personagens Helena (Priscila Sztejnman) e Clara (Regiane Alves) em Vai na Fé, a emissora decidiu diminuir significativamente o beijo entre Olga (Camila Pitanga) e Ivona (Elisa Volpatto) em Aruanas. A sequência, que no Globoplay dura dez segundos, foi cortada logo após as duas encostarem os lábios. Ao contrário da novela das sete, a série vai ao ar tarde da noite - não que isso seja justificativa, afinal, beijos podem ser exibidos em qualquer horário.
Já se passaram 12 anos desde que Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) quebraram o tabu do beijo homoafetivo em "Amor à Vida". Mais de uma década depois, o assunto parece não ter sido superado pelo canal, que, nos últimos tempos, parece ter levado em consideração a opinião de uma minoria conservadora, religiosa e por vezes barulhenta.
Ocorre que censuras como as que ocorreram na última semana vão contra todo o progresso que a Globo tem pregado nos últimos anos. Atualmente, é possível maior número de LGBTs e pretos nas produções da casa, por exemplo. Nesta quarta-feira (17), Patricia Kogut anunciou que o remake de Elas Por Elas terá uma protagonista transexual, vivida por Maria Clara Spinelli. Orientações sexuais diversas já viraram assunto em novelas, séries e reality shows. Por que, então, imaginar que a audiência, já introduzida nestes assuntos, se assustaria, em pleno 2023, com um simples encostar de lábios?
Concessões como as feitas recentemente contrariam todo o trabalho que vem sendo desenvolvido há anos pela emissora. Se a ideia é honrar um pacto pela diversidade, está na hora de a Globo ser mais corajosa.
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