Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Tina Turner superou a violência doméstica e virou ícone feminista
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De origem humilde e com perdas de parentes como irmã e avó muito cedo, Tina Turner encontrou na música uma maneira de se estabelecer na vida. Ao se apaixonar por Ike Turner, nos anos 1960, a cantora passou a integrar a banda do músico Kings of Rhythm e não demorou a ganhar destaque.
É consenso entre especialistas em música — e isso fica bem claro em documentários sobre sua carreira — que o magnetismo da artista catapultou o grupo para o sucesso. Uma vez casada com Ike, a banda virou um duo, responsável por sucessos como "Proud Mary".
O que poderia ser uma linda história de amor, no entanto, virou um pesadelo. Além de ter todo o dinheiro controlado pelo marido, Tina passou a ser vítima de violência doméstica e abuso psicológico. Ela estava no auge do sucesso, mas infeliz. Um dia, em 1976, após apanhar novamente de Ike, a cantora decidiu sair do hotel em que estava com apenas 36 centavos de dólar no bolso, atravessou a rua e fugiu.
Passou um tempo escondida na casa de amigos até conseguir se divorciar. Até mesmo na separação Ike levou vantagem sobre a esposa, ficando com imóveis, carros e direitos sobre composições. Tina teve de assumir até mesmo as dívidas pelos shows cancelados.
Com o fim da dupla, a artista sofreu para se recolocar no mercado. Teve de enfrentar a resistência de gravadoras, que tentavam moldá-la ou eram influenciadas pelo discurso nocivo de Ike Turner contra a ex — para se ter uma ideia, em sua biografia, lamentavelmente, Ike diz que a última briga ocorreu porque ela fez questão de irritá-lo. Até então, Tina passou a ser vista como uma cantora "antiga", mas, ao finalmente ganhar uma chance, emplacou em 1984 o sucesso "What's Love Got To Do With It" e o resto é história.
Cada vez mais à vontade em sua carreira solo, a artista entendeu seu papel também como ícone feminista. Passou a ousar nos looks sem ligar para críticas pelo comprimento do vestido, falou abertamente sobre as violências que sofreu, se empoderou. Virou um símbolo de resistência e liberação. Vai ser para sempre lembrada pelo papel fundamental desempenhado em uma época ainda conservadora, que descobria cantoras como Madonna e Cindy Lauper. Junto com Cher, Tina abriu caminhos. E seguirá abrindo.
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