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Em busca de audiência, Ratinho usa da comunidade LGBT como bode expiatório

Ratinho  - Reprodução
Ratinho Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

23/06/2023 15h41

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Não raro, sempre que precisa gerar algum tipo de burburinho, personalidades mais conservadoras, seja na TV ou na política, procuram um alvo preferencial para causar polêmica. Normalmente, a comunidade LGBTQIAPN+ vira o bode expiatório da vez.

Nesta quinta (22), durante seu programa no SBT, Ratinho, mais uma vez, a colocou no alvo, ao criticar a Parada LGBTQIA+, realizada no último dia 11, na avenida Paulista. "Como é aquele negócio lá? A parada gay? Queria pedir, vai fazer lá no sambódromo, a bagunça lá domingo, vai lá no sambódromo gente, lá você fica pelado e faz o que você quiser", afirmou.

O apresentador ainda continuou: "Deixa a avenida Paulista para família, para ir lá brincar com as crianças, deixa a avenida Paulista para as famílias, vai à Parada gay lá no diabo do sambódromo, lá pode, porque na minha opinião, a parada gay é um outro carnaval".

O que Ratinho falha em saber é que a Parada LGBT é, sim, um programa para as famílias. Muitas, aliás, vêm de vários Estados para celebrar juntas a aceitação de seus filhos. Um dos primeiros carros do desfile, aliás, é o das Mães Pela Diversidade, que lutam pela aceitação de seus filhos e têm um importante grupo de apoio.

É muito curioso que Ratinho prefira pensar na Parada como um festival de gente pelada quando, em sua imensa maioria, a plateia está vestida e celebrando o direito à existência. Ao relegar para o sambódromo um evento público, o apresentador pretende apenas restringir o acesso ao maior evento do mundo do gênero, que ocorre em São Paulo.

Conservadores insistem em colar no encontro anual um estigma de devassidão que está longe de existir. Todo tipo de espectador está presente na Parada. LGBTs de todos os lugares do país vêm a São Paulo pela troca de experiências e para poder ser quem são.

O que Ratinho fez em seu programa foi reproduzir preconceito e ignorância acerca do assunto. Todo e qualquer comunicador, com microfone na mão, tem uma grande responsabilidade e poder de influência. Cabe a ele se informar melhor antes de sair reproduzindo LGBTfobia em nome de míseros pontos de audiência.