Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dos arrasa-quarteirões ao cult, confira o melhor do cinema em 2022
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
2022 não foi um ano fácil para o cinema, mas foi prolífico, atribulado e, como não poderia deixar de ser, foi, como sugere o título do filme mais "hype" do momento, o ano do "tudo ao mesmo tempo agora em todo lugar".
Brincadeiras à parte com o sucesso "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", cotadíssimo para a temporada de prêmios 2023, este foi um ano em que o cinema, do comercial ao cult, teve de se reinventar, ressurgir da crise que dois anos de pandemia trouxeram, aproveitar o melhor que o streaming (e suas telas em todos os lugares) pode dar às boas histórias e ainda ser inovador.
Não é pouco para uma arte que nasceu há não muito mais que 100 anos e já passou por dezenas de revoluções. Mas nenhuma é como a atual, um mundo multitelas, multitudo em que a tela grande complementa o streaming, que complementa as redes sociais, que complementa a mídia, que complementa o cinema e por aí vai.
Dito isso, esta lista pretende trazer, não necessariamente em ordem de melhor para pior e vice-versa, os filmes internacionais que marcaram 2022. A primeira retrospectiva publicada por esta coluna trouxe um panorama com produções nacionais e internacionais. E uma lista de filmes brasileiros será publicada separadamente, mas já é importante citar longas como "Marte Um", "Medida Provisória", "Carvão", "A Morte Habita à Noite" e "A Felicidade das Coisas".
E volta aos filmes desta presente coluna, quando se fala em melhores do cinema já começamos com uma contradição: cinema dos filmes que entraram em cartaz nos cinemas e/ou cinema no streaming? Seguindo a lógica pós-moderna, vamos de cinema em todo lugar ao mesmo tempo, mas mantendo as estreias no território brasileiro como premissa. Um ou outro título que ainda não estreou no País será mencionado, já que a corrida ao Oscar começou e é preciso citar quem já largou na frente, mas maiores detalhes sobre estes virão no próximo texto sobre os filmes aguardados de 2023.
Por ora, uma pequena lista de filmes que, ou por gosto ou pelo barulho que fizeram, não podem faltar na lista de melhores do ano:
"Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"
Não necessariamente por ser "o melhor" filme e muito menos por ser a "maior bilheteria", mas sim por ter mobilizado como nunca as discussões sobre o que é cinema e como o percebemos neste mundo contemporâneo, o filme dirigido pela irreverente dupla de diretores conhecidos como '"os Daniels" merece nossa atenção.
Daniel Kwan e Daniel Sheinert são uma dupla de diretores que já causaram no território dos videoclipes (assinam o clipe, e até atuam - no caso, o descendente de chineses Daniel Kwan - em sucessos como "Turn Down for What") e agora causam nas narrativas mais longas.
Eles já haviam dirigido "Um Cadáver para Sobreviver", sucesso indie de 2016 com Daniel Radcliffe. Mas foi com o longa estrelado pela diva Michelle Yeoh (de 'O Tigre e o Dragão" e tantos outros) que a dupla ganhou os corações dos críticos, cinéfilos e até dos espectadores mais desatentos do circuito de festivais e premiações. Isso dito porque "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" não é nem de longe uma produção ultra milionária que já nasceu com um orçamento imenso para o marketing de lançamento, crucial para que blockbusters como "Avatar" e "Top Gun" consigam ter sucesso de bilheteria principalmente no mercado não americano e se pagar.
Este drama existencialista mas também digno de videogame que os Daniels criaram foi crescendo no boca a boca, surpresa após surpresa e se tornou um dos grandes sucessos do ano, ainda que não esteja na lista dos mais vistos nas salas.
A trama conta a história de Evely Wang (Yeoh), uma imigrante chinesa nos Estados Unidos que tem uma lavanderia decadente, está às voltas com a organização dos papeis para declarar seu imposto de renda e tem de encarar a funcionária implacável do fisco (vivida pela magistral Jamie Lee Curtis). Para completar, sua filha Joy (Stephanie Hsu, que vive a primeira geração que nasceu nos EUA) quer apresentar a namorada para o avô chinês conservador. A vida dela se completa com um marido bacana, mas que perdeu o brilho e a paixão, Waymond Wang, vivido por Ke Huy (o menino de "Os Goonies").
Tudo no primeiro ato do roteiro faz parecer que se trata de mais um filme bem feito, bem dirigido, indie na medida para agradar os fãs do cinema cult. Isso até que uma versão de Waymond aparece para Evelyn e a convoca para lutar por algo maior, ou seja, a própria existência do Universo. Só ela, ou melhor, só elas, as tantas Evelyns são capazes de enfrentar o mal maior, o ser que ameaça transformar não só a existência na Terra (ou nesta Terra) de Evelyn e de todas em poeira de buraco negro.
Por mais surreal que a premissa possa parecer, o roteiro é consistente, a direção não se perde em tantos universos paralelos e a montagem vertiginosa dá conta de conectar todos esses mundos à trama principal. Em tempos em que muitos fãs de quadrinhos pensavam que "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" seria o que de mais louco há sobre os tantos universos, uma dona de casa mediana que tem dezenas de outras vidas provou que o "e se" não se aplica somente a super-heróis.
Evelyn é esta dona de casa mediana e confusa. É também uma cantora lírica famosa. É também uma guerreira wuxia (o aprendizado em "O Tigre e o Dragão" jamais foi em vão). É também uma mulher que tem salsichas no lugar dos dedos. É uma pedra (sinceramente e sem spoilers, a melhor sequência do filme). É o show de opções e possibilidades de vidas que ela poderia ter vivido, e a dúvida se fez a melhor escolha que fazem deste complexo quebra-cabeças, na verdade, uma trama com um questionamento bem simples, mas não menos difícil: o que nos define, o que nos mantém vivos e apegados a esta vida, o que nos une? Vivemos eternamente sonhando com as outras vidas e deixamos de viver o aqui agora em um único lugar?
Em um mundo pós-moderno e pós-tudo, a forma como os Daniels empacotaram as angústias contemporâneas podem dar vertigem (o público mais afeito ao cinema com um pouco mais de contemplação teve náuseas reais com tanta movimentação), mas calaram fundo, principalmente, nos Millennials e na Geração Z, que herdaram o caos e agora têm de resolver o que fazer com isso.
É um filme que se ama ou se deixa, mas do qual jamais se sai indiferente. Na temporada de premiações, já tem várias indicações ao Globo de Ouro e lugar certo pelo menos a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" está disponível para aluguel em diversas plataformas como Apple TV, Youtube, Amazon e Google Play.
"Aftersun"
"Aftersun" é a rara combinação do hype (ou o badalado) com a qualidade e a inovação criativa em uma história emocionante. Dirigido pela jovem irlandesa Charlotte Wells, é um destes filmes pequenos, que estreou discretamente e só ganha os corações do público e da crítica a cada dia que passa.
Um dos sucessos da temporada de premiações do cinema independente, já levou mais de 60 prêmios em festivais pelo mundo, incluindo a Semana da Crítica de Cannes, o Festival de Toronto e a Mostra de Cinema de São Paulo. Levou ainda o prêmio de Melhor Filme Independente Britânico do ano (o BIFA). "Aftersun" concorre ainda a cinco prêmios no Spirit Awards 2023 (considerado o Oscar do cinema independente) e seu protagonista, Paul Mescal, está indicado a Melhor Ator no European Film Awards 2023, entre tantas outras indicações.
Mas o que fez com que um filme pequeno, barato, até singelo, e de estreia, com cara de independente se tornasse este fenômeno do circuito cult que pode até conquistar uma vaga entre os indicados a melhor filme no Oscar? Para começar, a simplicidade. Em tempos de tantas pirotecnias técnicas e estéticas, um filme que conta a história de Sophie, uma garota que passa uma semana de férias com o pai em um resort na Turquia.
Entre passeios à praia, tardes preguiçosas na piscina, jogos, jantares com atrações para turistas, é nas entrelinhas da relação entre pai e filha que a maior atenção está. Ele (Paul Mescal) é um tipo introvertido, mas carinhoso, todas os dias passa o protetor solar e loção pós-sol na filha com toda a atenção que o ritual pede. Ele faz questão que ela se divirta, dá liberdade na medida em que também vigia. É próximo, mas há algo nele que a pequena Sophie não consegue tocar, alcançar. Ela tenta capturar este hiato, as lembranças, as sensações com uma pequena câmera mini DV.
É exatamente entre o que a câmera capturou e congelou no tempo, o que a memória de Sophie também registrou e cristalizou e o que de fato ocorreu que a história de "Aftersun" acontece. Quando vemos Sophie já adulta assistindo às imagens, não sabemos mais o que é real, sonho ou mero pixel de um tempo que passou, que a afastou deste pai (deduzimos que ela não cresceu mais com ele, mas jamais é explícito o que ocorre depois da despedida no fim das férias).
"Aftersun" tem autoria de Charlotte, que se inspirou em suas memórias e as de seu pai para construir o roteiro, tem uma direção precisa, que sabe criar atmosfera como poucos, e tem um elenco de primeira. A cena da pequena Sophie (Frankie Corio) cantando, não por acaso, "Losing my Religion" do REM no karaokê para o pai é memorável. Se o longa não levar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme (ocupando a vaga do indie do ano), vai ser uma grande injustiça.
Atualmente em cartaz nas salas do Brasil, chega à MUBI em 6 de janeiro.
"Drive My Car"
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano, "Drive My Car" é um fenômeno de unanimidade. Dirigido pelo japonês Ryusuke Hamaguchi, é o cult que dialoga com todos os públicos. Ainda que traga a sofisticação da intertextualidade, ou seja, a comunicação entre obras distintas para criar uma nova história, é um roteiro simples, universal e emocional na medida.
O roteiro foi escrito por Hamaguchi e por Takamasa Oe, inspirados em contos o japonês Haruki Murakami. A trama conta a história do diretor de teatro Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) que, depois de perder a mulher, entra em uma espiral de luto e reclusão. Dois anos depois da morte dela, ele é convidado para dirigir uma montagem de Tio Vânia (o clássico do russo Anton Chekhov) na cidade de Hiroshima.
Lá, ele encontra não só o desafio de voltar a criar e, mais tarde, atuar, como o amante de sua mulher, além de uma nova companheira indesejada: Misaki Watari (Tôko Miura), uma jovem que fica encarregada de ser motorista do diretor. Eles têm 20 anos de diferença de idade, mas ela também carrega a dor de um grande luto. É justamente ao reconhecerem um no outro os traumas, as dores, as histórias, os silêncios e até mesmo a culpa que carregam que não só a amizade entre eles ganham veracidade, mas também o filme ganha o tom universal necessário para conquistar o público. Não é preciso ser grande apreciador de literatura, teatro e a conexão entre as obras que constroem "Drive My Car" para embarcar na longa jornada de Kafuku. Tudo isso é artifício para criar, afinal, uma história (quase em tom de um ótimo romance literário) sobre o quanto dividir, vivenciar e contar histórias (nossas histórias) pode ser transformador e até nos curar.
O filme está disponível na MUBI e para alugar em diversas plataformas.
"O Acontecimento"
Na verdade, este longa francês, que levou o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2021, causou mais alvoroço no ano anterior no circuito internacional. Mas por conta de sua demora em estrear no Brasil, ele entra na lista de 2022. É o caso de filme que não foi grande sucesso de público, não recebeu o hype e a atenção que merece e que, por isso, está nesta lista.
A francesa Audrey Diwan se inspirou tanto no romance homônimo de Annie Ernaux, "O Acontecimento", quanto em sua própria história de vida para contar a saga de Anne (Anamaria Vartolomei, que recebeu o César de Melhor Atriz pelo papel). Ela é uma jovem promissora, filha de uma família humilde do interior da França, que luta para educá-la e bancar sua faculdade de letras.
Aluna que se destaca entre a turma, ela tem tudo para traçar uma grande carreira e se tornar uma acadêmica ou uma ótima autora. Mas tudo muda quanto ela descobre que está grávida. Ela decide que não vai ter o bebê. Hoje a interrupção da gravidez é um direito na França, mas na década em que a história se passa, anos 50, ainda era proibido e um grande tabu.
Como em qualquer país em que o aborto é ilegal, o que uma mulher que engravida e não deseja, seja por qual for o motivo, sente, pensa não tem a menor importância. E é justamente fazer com que o espectador se coloque no lugar de Anne, sinta, quase fisicamente o que ela sente, que Diwan quis com "O Acontecimento". E conseguiu.
É com Anne que estamos quando acompanhamos seu périplo. Ela não encontra acolhimento nem em casa e nem entre as melhores amigas, que mais a julgam do que ajudam. Isso sem contar o pai da criança, uma nulidade, passando pelos médicos, que a condenam antes mesmo de ouvi-la. O filme é uma longa jornada solidão adentro que, mais que ser "um filme sobre aborto", é um filme sobre este limbo em que tantas mulheres se encontram em um dos momentos mais delicados de suas vidas. É também sobre o poder de escolha. Ou pelo menos o desejo de escolher. É uma poderosa voz sobre ser mulher em um mundo que avança, mas tropeça no machismo estrutural a cada passo avante que dá.
"O Acontecimento" está disponível na HBO Max.
"Top Gun; Maverick"
Grande estrela do cinemão de 2022, "Top Gun: Maverick" quase que dispensa comentários sobre sua relevância para o ano. Como já mais bem detalhado na Retrospectiva 2022, a sequência de "Top Gun: Ases Indomáveis" (1986) demorou mais de 35 anos para finalmente estrear, amargou uma pandemia e chegou às telas de todo o mundo em maio para alavancar de vez a retomada dos cinemas.
Não por acaso, faturou 1,4 bilhão globalmente e tem sido apontado como o grande filme do ano, à frente até de fenômenos como "Avatar: O Caminho da Água" e de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", duas grandes bilheterias do ano, além de "Batman". Tudo isso está detalhado na Retrospectiva.
O que vale ressaltar nesta atual lista de melhores é a capacidade que Tom Cruise ainda tem de levar multidões aos cinemas para ver um filme que não é uma saga de herói, não é uma franquia ao estilo de "Star Wars" ou até mesmo a sala repetitiva de "Velozes e Furiosos". Obsessivo e apaixonado pelo cinema, como bem afirmou em encontro com o público durante o Festival de Cannes, em maio, quando o filme fez sua première mundial, Cruise faz filmes para a telona.
Isso significa que "Top Gun: Maverick" é, sim, melhor se visto numa sala escura, com som impecável, projeção idem, com a dimensão capaz de fazer com que o espectador mergulhe no universo de seu protagonista que envelheceu, mas não perdeu a forma, a majestade e a rebeldia.
É um filme de amizade, parceria, romance, ação, aventura. É uma fórmula até clássica e simples de roteiro, com uma produção impecável e a estrela de Tom Cruise. Poderia dar, ainda assim, muito errado, mas deu muito certo.
O filme está disponível na Paramount + e no Telecine.
"Argentina, 1985"
O longa que representa a América Latina na lista de pré-finalistas ao Oscar 2023 já ganhou análises desta coluna, mas merece entrar novamente na lista de melhores do ano.
Não somente pela corrida por prêmios e nem pela presença sempre marcante de Ricardo Darín, mas principalmente pela façanha do diretor Santiago Mitre e dos co-roteiristas Mariano Llinás e Martin Mauregui. O trio conseguiu construir uma trama que trata de um tema intrincado e repleto de nuances sócio-políticas e históricas com clareza e emoção. "Argentina, 1985" é profundo o suficiente para levantar a seriedade do julgamento dos criminosos da Ditadura Militar no país e, ao mesmo tempo, é cativante o suficiente para emocionar até o menos politizado dos espectadores.
O filme retrata o caso reall do "Juicio de 1985", o julgamento dos militares responsáveis pelos crimes da fase mais terrível da Ditadura que dominou a Argentina por sete anos (de 1976 a 1983), que deixou 30 mil desaparecidos. Darín vive o promotor Júlio Strassera que, ao lado de Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani), em 1985 liderou uma equipe que investigou e processou militares de alta patente que comandaram as Forças Armadas argentinas no período em que ocorreram milhares de prisões, torturas, violações, assassinatos, entre outros crimes contra a humanidade e contra os que se opunham ao regime ditatorial militar.
É ao entender o drama humano de cada um que foi torturado, que teve seus parentes e amados mortos, que foi violado em seus direitos mais básicos que se compreende que crimes contra a humanidade supostamente motivados por questões políticas não têm lugar em nenhuma democracia. Em tempos em que se relativiza o terrorismo, os atentados contra a democracia e se pede até mesmo a volta da Ditadura Militar (e não só no Brasil), "Argentina, 1985" deixa a lição que os argentinos aprenderam há tempos: nunca mais!
O filme está disponível na Amazon Prime Vídeo.
"Avatar: O Caminho da Água"
Super produção mais do que já comentada tanto nesta coluna quanto na mídia mundial neste ano, "Avatar: O Caminho da Água" merece mais uma vez voltar à pauta. Esta grande aventura futurista de James Cameron acaba de bater a marca de US$ 950 milhões de arrecadação global, que deve só aumentar.
Mas, para além dos números, "Avatar 2" tem o mérito de fechar o ano levando o público mundial às salas. Manter a frequência do público nos cinemas depois de todos desafios já enumerados não é tarefa fácil e mesmo um blockbuster como este encara os desafios de convencer o espectador pagar pelo ingresso, deixar o confortável streaming como segunda opção e se aventurar pela continuação da história de Jake Sully e dos Na'vi que começou em 2009.
Valeu a pena a espera de anos para que a tecnologia possibilitasse que o fundo do mar fosse retratado com a veracidade necessária. "Avatar 2" é um mergulho em um universo deslumbrante, que, ainda que as mais de três horas de filme tenham algumas lacunas e um roteiro apenas clássico, vale o show. É um filme que é não só maior, mas certamente melhor no cinema. Foi, afinal, pensado e feito para ser sentido em uma sala com imagem (3D) e som impecáveis.
"Avatar" (o de 2009) se tornou a maior bilheteria de todos os tempos, batendo os US$ 2,9 bilhões de arrecadação em todo o mundo. Resta esperar para saber se "O Caminho da Água" se sairá tão bem sucedido e se os próximos episódios da saga, como previsto, virão.
O filme está atualmente em cartaz nos cinemas.
"Nada de Novo no Front"
Representante da Alemanha no Oscar 2023, "Nada de Novo no Front" tem o brasileiro Daniel Marc Dreifuss entre seus produtores e a certeza de que boas histórias universais, mesmo com temática aparentemente local, têm lugar reservado nos corações e mentes dos cinéfilos do mundo.
Dirigido pelo jovem alemão Edward Berger, o longa é a terceira adaptação para o cinema do clássico que Enrich Maria Remarque (1898-1970), inspirado em suas próprias memórias do conflito, lançou pouco mais de dez anos depois do fim da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1917). ""Nada de Novo no Front" é um retrato duro e realista da via crucis que um jovem oficial alemão enfrenta durante a Primeira Guerra Mundial.
Na trama, o jovem romântico e idealista Paul Bäumer (Feliz Kammerer), encantado com o incentivo de seus professores e com o marketing da guerra, decide se alistar. Mas logo descobre que, batalha após batalha, horrores após horrores, a vida de quem realmente enfrenta as lutas sangrentas, fétidas e horríveis da Grande Guerra não vale mais que meras estatísticas aos olhos dos "senhores da guerra", sempre confortáveis em seus gabinetes e aposentos em que não falta nada, mas que sobra sarcasmo e indiferença.
"Depois de ter levado o Chile para sua primeira indicação da História ao Oscar com "NO" (em 2013), eu tenho a honra e o prazer de levar a Alemanha de novo à corrida e espero a indicação, se tudo correr bem, por este, que é um dos romances mais famosos da literatura alemã. Não sou um produtor que investe em histórias passadas em um país só. Eu vou onde as histórias estão. Histórias que são locais, mas também específicas, que eu encontre nessas histórias uma atemporalidade, um diálogo com o mundo em que vivemos agora. Estou sempre de olho na universalidade, por mais particular e específicas que elas sejam", comentou Dreifuss a esta coluna.
Importante ressaltar que o clássico de Louis Milestone de 1930, "Sem Novidade no Front", é uma grande obra e foi vencedor de dois Oscar (Melhor Filme e Melhor Direção). Já a versão de 1979, "Nada de Novo no Front", realizada pela CBS, não acrescentou muito. Desta vez, e pela primeira vez, o épico é falado em sua língua original, tem DNA alemão e isso faz toda diferença.
Em tempos em que jovens russos e ucranianos morrem também em meio a um inverno rigoroso, em que a violência em outras instâncias também é banalizada, "Nada de Novo no Front" é candidato forte, e merecedor, de uma vaga entre os finalistas do Oscar 2023. Para completar, o filme integra outras listas de pré-finalistas: Melhor Cabelo e Maquiagem, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais.
"Há vários motivos pelos quais eu acho que há um diálogo do filme com o mundo de hoje. E isso mesmo antes da Guerra da Ucrânia. A juventude tem sido abandonada por aqueles que muitas vezes têm o dever ou foram eleitos para protegê-la", completou Dreifuss.
O filme está disponível na Netflix.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.