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Novo filme de Johnny Depp abre Festival de Cannes em clima de polêmica
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Em sua edição de número 76, que não é a primeira "pós-pandemia", já que 2022 foi o ano em que o evento voltou à sua normalidade com uma edição presencial em grande estilo depois de dois anos conturbados, o Festival de Cannes 2023 começa nesta terça-feira em clima de polêmica.
Tudo porque Thierry Frémaux, diretor geral do maior, e mais importante, festival de cinema do mundo, decidiu abrir sua maratona cinéfila de duas semanas com "Jeanne du Barry", um filme estrelado por Johnny Depp, simplesmente o nome do cinema que reuniu as maiores polêmicas em 2022 por conta do processo movido pela ex-mulher do ator, Amber Heard, e das tantas tensões judiciais que o caso gerou e ainda gera.
Muito obviamente, a escolha de "Jeanne du Barry", dirigido pela atriz e cineasta francesa Maiwenn, para abrir o festival causou surpresa e alvoroço. Neste primeiro filme de Depp depois do julgamento, ele vive o rei francês Luís 15 e a diretora vive a cortesã Jeanne, que caiu em suas graças.
No entanto, as polêmicas não se restringem a Depp. Maiween também está envolvida em polêmicas e é alvo de um processo movido por um jornalista francês, que a acusa de tê-lo agredido. Questionado sobre a escolha do filme, Frémaux foi categórico: "Não sei da imagem do Depp nos Estados Unidos. Para ser sincero, a gente vê um filme e sempre sigo a mesma linha de conduta: liberdade de pensamento, liberdade de expressão e de agir dentro de uma estrutura legal", respondeu diante de uma sala lotada de jornalistas de todo o mundo, que acompanham in loco o festival que ocorre na riviera francesa até dia 28.
Para Frémaux, a polêmica surgiu naturalmente assim que o filme foi anunciado, pois todos sabiam que Depp tinha rodado um filme na França. "Eu não sei por que ela o escolheu, mas esta pergunta vocês deveriam fazer para Maiwenn. A gente tem um filme de Maiween. E ele (Depp) está extraordinário no filme", completou.
Certamente a pergunta será feita na coletiva de imprensa de "Jeanne du Barry", que ocorre na quarta, no dia depois da première mundial do filme para uma plateia que reúne jornalistas, convidados ilustres e profissionais do audiovisual de todo o mundo. Sobre as polêmicas em relação ao entrevero judicial de Depp com Amber Heard, Frémaux desconversou: "Eu sou a última pessoa que devia falar destes assuntos. Se tem alguém no mundo que não sabe nada sobre este julgamento sou eu. Estou interessado em Johnny Depp como ator."
E se depender da família Depp, Cannes continua com polêmica nos próximos dias. A filha do ator com a cantora e atriz francesa Vanessa Paradis, Lily-Rose Depp, estrela a série "The Idol", que estreia na HBO em 4 de junho e tem pré-estreia em Cannes na próxima segunda, dia 22, com a exibição de dois episódios.
Dirigida por Sam Levinson, o mesmo criador de "Euphoria", que também assina sua criação, produção e roteiro, "The Idol" traz Lily-Rose no papel de Jocelyn, uma estrela da música que, depois de sofrer um colapso nervoso, vê sua turnê ameaçada, mas está determinada a provar que está bem e recuperar sua fama de maior e mais sexy estrela do pop norte-americano.
"The Idol" também estreia sob controvérsia, pois a revista Rolling Stone publicou artigo afirmando que houve problemas nas filmagens e que Levinson teria modificado diversos trechos do roteiro para que ele se tornasse mais violento, com cenas mais explícitas, glamourizando, de certa forma, a violência sexual e a tortura. Ele assina a criação ao lado de The Weeknd. Lily-Rose, que na série vive uma paixão destrutiva e tórrida por Tedros (The Weeknd), defendeu Levinson e afirmou que ele foi o melhor diretor que ela já teve e que foi muito respeitada e apoiada.
A lista de nomes super aguardados também passa longe das polêmicas e muito perto do coração dos cinéfilos. "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" tem première mundial nesta quinta, com direito a ingressos ultra concorridos e reclamação da imprensa que não conseguiu retirar convites, que acabaram em menos de um minuto, na plataforma de reservas online do festival.
A volta de Harrison Ford à quinta, e última, aventura do arqueólogo promete chacoalhar mais a Croisette (a avenida à beira-mar de Cannes) que até mesmo o novo filme de Martin Scorsese, "Killers of the Flower Moon", longa estrelado por Leonardo DiCaprio que fecha a noite do sábado com uma história que fala de um caso real do assassinato de indígenas de uma região dos Estados Unidos nos anos 1920, região esta que detinha reservas de petróleo.
A maratona de Cannes começa, assim, da melhor forma, trazendo atenção, ainda que em torno mais das polêmicas que da linguagem cinematográfica em si, para um setor que tem sofrido muito com o esvaziamento das salas desde a pandemia.
Para reafirmar seu valor e sua importância, Cannes aposta no mix de polêmicas, pré-estreias baladas e comerciais com grandes mestres veteranos (como Ken Loach, Wes Anderson, Wim Wenders, Marco Bellocchio, Aki Kaurismaki, Nanni Moretti, entre outros que integram a competição). Neste ano, ainda que mais uma vez em minoria, as mulheres assinam sete dos 21 longas em competição no festival, número recorde do evento que, até hoje, deu somente duas Palmas de Ouro para diretoras (para Jane Campion por "O Piano" e para Julia Ducournau por "Titane").
Sobre o futuro do cinema, que passa por maior diversidade, Frémaux afirmou que ela também permeia a linguagem em si. "O futuro do cinema é híbrido. Há vários formatos. Há filmes que são ficção e a gente acha que são cinema verité. A gente ficou muito feliz de ter documentários em competição neste ano, depois de um bom período sem eles. Os documentários deveriam aparecer mais em Cannes", completou.
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