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Filme sobre luta indígena vence prêmio raro em Cannes
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"A Flor do Buriti", dirigido por Renée Nader Messora e João Salaviza, levou o Prix d'ensemble (melhor equipe) da seção Un Certain Regard (Um Certo Olhar) do Festival de Cannes 2023, entregue na noite desta sexta na cidade francesa.
Em toda a história da Un Certain Regard, o Prix d'ensemble fora concedido em apenas outras duas edições: em 2014, para "Party Girl", e em 2021, para "A Boa Mãe", ambas produções francesas.
Concedido pelo júri presidido pelo ator americano John C. Reilly, além da atriz belga Émilie Dequenne, do diretor cambojano-francês Davy Chou, da atriz alemã Paula Beer e da diretora francesa Alice Winocour, o prêmio da Um Certo Olhar valoriza filmes que ousam na proposta, no formato e destacam o trabalho de jovens diretores.
O principal vencedor da mostra foi "How to Have Sex", de Molly Manning Walker, além de "Goodbye Julia", que levou o Prêmio Liberdade, de "Augure", que recebeu o o Prêmio Nova Voz, de "The Mother of All Lies", premiado com Melhor Direção, e, finalmente, "Hounds", com o Prêmio do Júri.
"Crowrã - A Flor do Buriti" retrata o cotidiano dos Krahôs em paralelo aos efeitos de séculos de agressões, incluindo um massacre ocorrido nos anos 1940, a violência do período da ditadura militar. Os krahôs, que estiveram presentes na première mundial do filme nesta semana, como Francisco Hyjnõ Krahô, e que foram ovacionados ao final da sessão, fizeram um protesto no tapete vermelho de Cannes. O glamour deu lugar à luta não só pela floresta em pé, mas pelo equilíbrio do planeta. "O futuro dos territórios indígenas do Brasil está ameaçado - Não ao Marco Temporal", dizia a faixa que a equipe exibia durante a ação.
Para a diretora Renée Nadar Messora, o prêmio não poderia ter vindo em melhor momento, em uma edição que ficou marcada pela presença e luta indígena no festival, coma passagem do Cacique Raoni e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), que encontrou o ator Leonardo DiCaprio para conversar sobre o futuro da Amazônia e do meio-ambiente no Brasil na semana passada em Cannes.
"É maravilhoso receber esse premio porque nos permite pensar no que aprendemos com os Krahô todos os dias que é como viver em coletivo. Com esse premio contemplamos todas as pessoas envolvidas no filme e todas as pessoas das quatro aldeias em que filmamos. Esse filme não existiria sem todos", declarou a cineasta.
Ao lado de João Salaviza, Renée já havia sido premiada na mesma Um Certo Olhar em 2018 com o longa "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", que levou o Prêmio Especial do Júri e que retrata o dilema de um jovem krahô entre as tradições de sua aldeia e a vida na cidade.
Com produção de Julia Alves e Ricardo Alves Jr. pela mineira Entre Filmes, "A Flor do Buriti" fez sua première mundial no dia 23 de maio e foi ovacionado por mais de 10 minutos após a emocionante exibição.
Em toda a história da Un Certain Regard, o Prix d'ensemble fora concedido em apenas outras duas edições: em 2014, para "Party Girl", e em 2021, para "A Boa Mãe", ambas produções francesas.
Produção luso-brasileira da Entre Filmes e da Karõ Filmes, o film tem distribuição no Brasil pela Embaúba Filmes e deve estrear em breve no País.
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