Flavia Guerra

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'Retratos Fantasmas': Kleber Mendonça declara amor ao cinema e às cidades

O Plano Geral desta semana traz um papo com o cineasta Kléber Mendonça Filho, de filmes como "Bacurau", sobre seu novo longa: "Retratos Fantasmas", uma declaração de amor ao cinema que fez sua estreia mundial no último festival de Cannes, em maio, e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (24).

Em um momento em que as salas de cinema se tornaram lugares fantasmas, com pouco público, quais as salas que marcaram as nossas vidas? E por que amamos os centros decadentes das nossas cidades? De que forma nossas vidas se confundem com o cinema e os filmes que vemos?

Em « Retratos Fantasmas », Kleber faz um ensaio poético sobre como os cinemas do Recife marcaram sua vida e sua identidade e conversou com Thiago Stivaletti e Flavia Guerra diretamente do Festival de Gramado, onde o filme fez sua première nacional.

"É um filme que aciona a nossa memória de cinéfilo, dos filmes que a gente viu em cada sala, principalmente as de rua que a ama", comentou Thiago. Flavia comentou que, mesmo quem não cresceu ou não conhece o Recife, conecta-se com a história, pois cada espectador acessa sua memória. "Não só a do cinema na tela, mas a memória de cada cidade em que se vive e que se vê mudar ao longo do tempo."

"Ele conta de uma maneira tão afetiva e emocional que aciona nossa lembrança de grandes salas de cinema e a memória dos centros das cidades que, no caso de São Paulo, mudou para pior. É uma nostalgia que bate fundo", completou Thiago.

Na entrevista ao Plano Geral, Kléber fala sobre o processo do filme e sobre a relação com o material de arquivo que garimpou não só de acervos, mas seus próprios arquivos pessoais. Além disso, comentou sobre a relação entre o cinema, os cinemas e as cidades.

"Quando a gente vive em uma cidade, ela passa a ser a sua casa. Foi mais ou menos neste momento que entendi a primeira parte do filme, que se passa na minha casa. Por um acaso, minha casa foi muito filmada e fotografada durante 20 anos, desde que comecei a fazer os curtas de faculdade, passando pelos longas. Foram todos feitos na minha casa", contou ele.

"Quando vou para o centro da cidade do Recife, eu meio que me acho nos lugares. Sei que vou me encontrar nesta rua, naquela rua… É como a sua casa. Quis montar um álbum afetivo da cidade. Mas as imagens tinham de ser fortes e interessantes o suficiente para se tornar um filme. Usei não só minhas fotos e arquivos, mas as de muitas pessoas ao longo de muitas décadas", completou Kléber.

O cineasta também falou da necessidade da cota de tela para aumentar a hoje mínima participação do cinema brasileiro nas salas. "Vi a ministra da Cultura Margareth Menezes falar em Gramado. Ela disse que todas as políticas que foram destruídas nos últimos anos serão retomadas. Estamos hoje retomando várias questões que foram sabotadas. A gente precisa retomar a Cota de Telas. Se pegarmos o exemplo da Coreia do Sul e da França, basta ver a importância que eles dão à cota de telas. A Cota de Telas quando está funcionando, ela tem um efeito", comentou.

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Esta edição conta ainda com destaque para "Passagens", em que a atriz de "Azul é a Cor Mais Quente" vive um complicado triângulo amoroso minado pelo narcisismo. Com raras cenas de sexo, o filme teve seu lançamento dificultado nos EUA com a classificação NC-17.

Para fechar, Flavia Guerra dá as últimas notícias do Festival de Gramado, e Grazi Massafera conta sobre a sua conturbada personagem no drama "Uma Família Feliz", que competiu no festival.

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