Flavia Guerra

Flavia Guerra

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Em Cannes, George Miller declara sobre 'Furiosa': 'Tem mais história aí'

George Miller desistiu da aposentadoria para filmar "Furiosa", o quinto filme da saga "Mad Max" que fez sua estreia mundial no Festival de Cannes e estreia em todo mundo no dia 24. Mas há mais boas notícias para quem não quer que ele se aposente nunca. "Tem mais história aí com certeza. Talvez pelo fato de que, para contar a história de "Estrada da Fúria", a gente precisou saber sobre a história de Furiosa e Max nos anos anteriores", afirmou o diretor australiano em conversa com a imprensa que cobre o evento na tarde desta quarta.

O quinto filme da saga "Mad Max" criada em 1979 pelo australiano George Miller traz Annya Taylor-Joy no papel da protagonista cerca de 15 a 20 anos antes de "Estrada da Fúria". Sequestrada quando menina por um clã de motoqueiros selvagens e violentos comandados pelo implacável Dr. Dementus (Hemsworth), ela vê seus sonhos de menina desabarem para dar lugar a um mundo em ruínas, violento, perigoso e tão árido na natureza quando nas relações humanas.

Se em "Estrada da Fúria", Charlize é a Furiosa que possui um braço mecânico e liberta as mulheres de um harém de um tirano, em "Furiosa", entendemos os caminhos que conduziram a heroína de uma infância feliz e protegida aos caminhos violentos do deserto que impera no mundo pós-apocalíptico da saga. Miller não faz de forma alguma um cinema em que o tom político é o principal, mas a revolução feminista, o exaurimento do meio-ambiente e a violência como arma de sobrevivência onde, como afirmou Annya no material de divulgação do filme, a empatia é uma fraqueza, são pautas cruciais em "Furiosa".

"Muita gente desistiu da aposentadoria para fazer este filme", comentou a protagonista do longa, Annya Taylor-Joy. Ela afirmou que também fez questão de defender o trabalho dos dublês, especialmente sua dublê, Hayley Wright, para a realização do longa que, de longe, traz cenas de ação já icônicas e vertiginosas. Uma das sequências, aliás, levou quase 80 dias para ser filmada.

"Ela hoje é uma das minhas melhores amigas no mundo todo. Ela me ensinou a fazer tudo que ela também podia fazer. Em vez de ser uma abordagem agressiva, sempre foi "Eu te amo, eu acredito em você", declarou a atriz, que vive em "Furiosa" a personagem eternizada por Charlize Theron em "Mad Max: Estrada da Fúria", que estreou em Cannes em 2015 e também se tornou um clássico imediato, rompendo a barreira do filme de ação e conquistando um público mais interessado no drama que nas centenas de sequências de perseguição, lutas e mortes.

Miller, aliás, defendeu o cinema de ação como o que traz a linguagem universal do cinema. "Para mim, é puro cinema, é música visual. Eu gosto de pensar nos filmes de duas formas: filmes mudos com som, como Alfred Hitchcock costumava dizer "Eu gosto de fazer filmes que não precisem de legenda no Japão." Eu acho que este é o cerne do cinema. Então, a gente pode fazer qualquer coisa com cinema e o que o diferencia de qualquer outra forma de arte é que só pode ser vivenciado no cinema."

Um ponto crucial da saga 'Mad Max", criada em 1979 pelo cineasta, é que tão importante quanto o drama e as cenas de ação são o figurino, a direção de arte e a maquiagem dos personagens. Há visuais icônicos como o de Imortal Joe, a maquiagem carvão na testa de Furiosa, o hibridismo retrofuturista dos tantos veículos, motocicletas e máquinas, entre outros milhares de objetos, que constroem um universo verossímil e que conta a história de cada personagem.

Annya também comentou que o trabalho artesanal, ainda que esta nova aventura seja a que mais conta com efeitos visuais e especiais, foi essencial para que ela criasse sua Furiosa. "As pessoas sabiam exatamente porque usavam uma roupa, porque dirigiam aquele exato carro. Tudo era para servir, para fazer com que aquele universo se aprofundasse e real. Não é todo dia em que se faz parte do projeto em que tudo parece muito detalhado de longe e, quando você adentra este mundo, você diz "Uau!" porque tudo tem muitas camadas e nada é por acaso. E acho que a gente pode sentir isso em "Furiosa".

Se o mais novo, porém talvez não último longa de Miller e da saga Mad Max, vai, assim como "Estrada da Fúria", extrapolar o universo do cinema de ação e faturar, ganhar público e apoio para uma nova aventura, o tempo dirá. Por ora, "Furiosa" teve recepção positiva da crítica que acompanha Cannes, com críticas que variam do "obra-prima" ao "bom filme, mas não chega a ter a dimensão de "Estrada da Fúria". Mas vale apostar que o sucesso com os fãs fervorosos da franquia já é certa.

Continua após a publicidade

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes