Festival de Gramado divulga docs e curtas selecionados para a 52ª edição
O Festival de Gramado divulgou os documentários e curtas-metragens de ficção selecionados para a competição oficial de sua 52ª edição, que ocorre de 9 a 17 de agosto na cidade gaúcha. A seleção de longas de ficção e os filmes da Mostra Gaúcha já haviam sido divulgados na semana retrasada.
Clarice Niskier, Teatro dos Pés à Cabeça, de Renata Paschoal (RJ), Mestras, de Roberta Carvalho (PA), Poemaria,de Davi Kinski (SP), Toquinho Maravilhoso, de Alejandro Berger Parrado (SP) e Velho Chico, a Alma do Povo Xokó, de Caco Souza (SE).
Neste ano, por conta das dificuldades logísticas em consequência da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, em maio, Gramado ocorre com algumas adaptações. A mostra competitiva de documentários, por exemplo, vai ser exibida somente no Canal Brasil, durante as datas oficiais do festival, mas não in loco, no Palácio dos Festivais, como é a tradição. Já os curtas de ficção serão exibidos tanto presencialmente quanto no Canal Brasil.
Em conversa com Splash, o curador Marcos Santuário contou, durante evento de anúncio realizado no Hotel Laghetto Stilo São Paulo, em São Paulo, na noite de quarta (17), algumas das adaptações.
Pelas questões básicas do que aconteceu no RS, a gente teve de tomar algumas decisões para que o festival acontecesse, como fizemos na Pandemia (quando a exibição ocorreu totalmente no Canal Brasil).
Foi preciso adequar, porque era 'ou sim, acontecer' ou 'não acontecer'. Então, Gramado toma a decisão de que o festival acontece, mas que precisa ser reestruturado de alguma forma, diminuindo o número de convidados porque não há como, por um problema de aeroportos, a gente receber tanta gente de forma segura.
Além de Santuário, também estiveram presentes a presidente da Gramadotur Rosa Helena Volk; o ator e curador Caio Blat e Marcos Santuario; a atriz e diretora Bárbara Paz, representando a diretoria da Academia Brasileira de Cinema; e André Saddy, presidente do Canal Brasil.
"Para se ter uma ideia, operamos atualmente com 8% dos acentos em aeronaves do que costuma haver. A gente vai vencer isso tudo, porque queremos mostrar a força do povo gaúcho e o quanto a gente é resiliente para falar e mostrar o cinema brasileiro", declarou Rosa Helena Volk.
"O Rio Grande do Sul enfrentou no começo de maio as tragédias e muita dificuldade e que vão interferir nas nossas vidas por muito tempo. Mas, ao mesmo tempo, também vimos coisas muito lindas, como a solidariedade. A Academia Brasileira de Cinema (ABC) se mobilizou para promover doações. Somos muito gratos", declarou a diretora da Gramado Tour, chamando a atriz Bárbara Paz, que representou a ABC para comentar o apoio.
A Academia fez o que pôde e, como todo mundo, se uniu. Eu fui para o Rio Grande do Sul, passei um mês lá. Tinha de fazer algo, pois não podia ver tudo que aconteceu com a terra em que eu nasci. Bárbara Paz
"Vim representar a ABC, em nome da Renata Magalhães, nossa diretora, e toda a diretora e o povo do audiovisual brasileiro. Viemos parabenizar e ser solidário com tudo o que aconteceu no Rio Grande do Sul, e mesmo assim enfrentar, ser valente e fazer este festival acontecer porque o Rio Grande precisa, precisa movimentar o turismo, não pode parar. Boa parte do RS é movido pelo turismo. Acho brilhante e dou parabéns para todo mundo que está fazendo o festival, a Gramado Tour e a Rosa", completou Bárbara em conversa com o Splash.
Documentários - Seleção forte e democrática
Sobre a seleção dos documentários, Caio Blat observou que se trata de uma 'competição nobilíssima dentro do festival porque é muito democrática'.
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Quero receber"Nos longas, de alguma maneira, a gente tem ali os cineastas consagrados, que estão trazendo seus novos filmes. A gente tem um pouco um norte para orientar um pouco a seleção. Mas nos documentários é de uma democracia. São tantas surpresas, belezas, cineastas novos que a gente não conhece, de todas as regiões do país. É uma ralação, uma trabalheira enorme, uma dúvida enorme", comentou Caio Blat a Splash.
Mas eu e Santuário sempre trocamos muito, ele me ensina muito sobre o olhar de curadoria, sobre como compor um painel com diversidade, com variedade temática, regional, relevância, de boa realização. São muitos critérios que estão em jogo. E fico muito feliz. Os filmes fazem um mosaico do que a gente quer falar, qual nosso recorte do cinema brasileiro. Caio Blat
Já entre os curtas-metragens de ficção na competição nacional, ao todo serão 12 filmes em competição, que trazem também a tônica da diversidade. "Vocês vão perceber que são cinematografias de várias partes do Brasil. E na tradição de Gramado que tem sido a de revelar grandes potências de cineastas brasileiros e modos diferentes de contar histórias", declarou Santuário.
Sobre a exibição no Canal Brasil, o diretor do canal, André Saddy, observou que a parceria é longa com o Festival de Gramado e que, ainda que não haja a desejada sessão presencial, exibir os documentários na TV amplia o acesso e a participação do público.
"Exibimos os filmes durante a pandemia, por exemplo, e, além disso, temos a nossa cobertura, a cerimônia de encerramento transmitida ao vivo. Quando a gente passa os filmes no canal - na pandemia foram todos e agora serão os documentários e curtas - de alguma forma, as pessoas gostam de ver. Quando as mostras de documentários e de curtas passam no canal, as pessoas acompanham, torcem e isso é muito bacana, muito importante. A gente consegue trazer o Brasil inteiro para ter um pouquinho do que é o Festival de Gramado", comentou Saddy.
Longas de ficção trazem grandes nomes e maioria feminina na direção
A seleção dos longas de ficção já havia sido divulgada na semana passada, com o anúncio de sete filmes de diversas regiões. Entre eles, quatro são dirigidos por mulheres: "Pasárgada", de Dira Paes, que estreia na direção, "O Clube das Mulheres de Negócio", de Anna Muylaert, "Cidade: Campo", de Juliana Rojas, e "Filhos do Mangue", de Eliane Caffé.
Quem recebe o troféu Oscarito deste ano é o cineasta gaúcho Jorge Furtado, que também exibe no festival "Virgínia e Adelaide", filme híbrido que une ficção e documentário. "Filme lindo que fala da primeira psicanalista brasileira. Uma história que eu não conhecia", comentou Caio Blat. Na linha das séries que ganham première especial em Gramado, o primeiro episódio de "Cidade de Deus", a série, com direção de Aly Muritiba, que também concorre ao Kikito com "Barba Ensopada de Sangue".
Isso que a gente preza. Botar o cinema brasileiro na tela. Agora o problema é do júri e dos críticos. brincaram os curadores
"A primeira coisa que a gente diz é obrigado a todos os realizadores e realizadoras que enviaram filmes para a gente assistir. A gente começa feliz e termina triste. Feliz de ver um Brasil que cresce cinematograficamente e constantemente, apesar de tudo. A gente vê coisas maravilhosas e no final a gente se depara com o fato de que temos de escolher sete filmes entre estes todos os filmes", completou Santuário, que está em seu segundo ano de parceria de curadoria com Caio Blat.
"Vai ser uma festa potente, maravilhosa, filmes inéditos, esperadíssimos, mesclando os cinemas, histórias localizadas mas que conversam com todos", completaram os curadores.
LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS
Clarice Niskier, Teatro dos Pés à Cabeça, de Renata Paschoal (RJ)
Mestras, de Roberta Carvalho (PA)
Poemaria, de Davi Kinski (SP)
Toquinho Maravilhoso, de Alejandro Berger Parrado (SP)
Velho Chico, a Alma do Povo Xokó, de Caco Souza (SE)
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
A Casa Amarela, de Adriel Nizer (PR)
A Menina e o Pote, de Valentina Homem (PE)
Ana Cecília, de Julia Regis (RS)
Castanho, de Adanilo (AM)
Fenda, de Lis Paim (CE)
Maputo, de Lucas Abrahão (SP)
Movimentos Migratórios, de Rogério Cathalá (BA)
Navio, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real (RN)
Pastrana, de Melissa Brogni e Gabriel Motta (RS)
Ponto e Vírgula, de Thiago Kistenmacker (RJ)
Ressaca, de Pedro Estrada (MG)
Via Sacra, de João Campos (DF)
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