'Os Fantasmas Ainda se Divertem' (mesmo), e Beetlejuice volta 'melhor'
No que Beetlejuice evoluiu ao longo dos 36 anos desde que o primeiro filme "Os Fantasmas se Divertem" estreou e conquistou os corações e as almas do público do mundo todo?
"Ele está tão sensível quanto era no primeiro filme. Aliás, ele está mais sensível neste filme. Sua natureza cuidadora, no sentido da moral social e de sua personalidade politicamente correta. Estou certo, Tim? É apenas uma oportunidade maravilhosa", comentou Michael Keaton, com sua ironia fina de sempre, sobre o personagem que eternizou e que se tornou uma das criações mais amadas do cinema de Tim Burton e da cultura pop, na conversa com a imprensa na manhã desta quarta (28) depois da primeira sessão mundial "Beetlejuice Beetlejuice" ou "Os Fantasmas Ainda Se Divertem", que estreia nos cinemas em 5 de setembro.
"As pessoas perguntam como o caráter do Beetlejuice evoluiu? E a gente simplesmente começa a rir. Tá brincando comigo?", completou Burton, que finalmente lança a sequência mais pedida pelos fãs do diretor de clássicos como "Edward Mãos de Tesoura", "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça", "A Noiva Cadáver", entre tantos outros.
A mediadora da conversa comentou que o protagonista tem, no entanto, um ponto vulnerável: sua ex-mulher, Dolores (Monica Belucci). "Você entendeu tudo. Ele não tem medo de nada a não ser de Dolores", completou Keaton.
Na trama do novo filme, encontramos Lydia (Winona Ryder) já madura, mãe de uma adolescente, a rebelde Astrid (Jenna Ortega, que foi dirigida por Burton em "Wandinha"), e ainda obcecada por Beetlejuice, mesmo tanto tempo depois de quase se casar com o fantasma nada politicamente correto e deliciosamente cafajeste.
Quando Astrid descobre a maquete que os Maiteland (Alec Baldwin e Geena Davis) construíram no sótão da casa, na cidade de Winter River, um portal para o mundo do além se abre —e os problemas que Lydia enfrentava só aumentam. Claro que Beetlejuice acaba sendo evocado, e o caos, cheio de humor e do universo único de Burton, instala-se definitivamente.
Burton estava visivelmente satisfeito com seu novo "Weird Family Movie" (filme de família esquisito), que ele garantiu ter feito em uma fase de pazes com o cinema, com quem estava em crise, pois o mercado não necessariamente é sempre fácil para autores que navegam entre o cinema comercial e o autoral como ele. O cineasta afirmou que até hoje não entende muito bem o porquê da trama simples, sobre um casal que quer proteger sua amada casa mesmo depois de morrer e não virar vítima da especulação imobiliária, ter virado um fenômeno tão amado.
Nesta nova versão, estão de volta Lydia (Ryder), Delia (Catherine O'hara), Beetlejuice, claro, e Bob (o da micro-cabeça), além de Charles (Jeffrey Jones, cujo personagem ainda não pode ser detalhado, por risco de spoilers). Juntam-se à velha trupe nomes fortes como Willem Dafoe, Justin Theroux, Danny De Vito e as já citadas Monica Bellucci e Jenna Ortega, além de outros nomes que formam um elenco, como disse Keaton, até melhor (ou quase) que o original.
As pessoas sempre perguntam sobre 'Beetlejuice'. Por mais que eu o ame, eu nunca entendi bem porque foi um sucesso. Então, eu nunca pude definir o porquê, além do fato de que é um projeto muito pessoal para mim. Tim Burton, no Festival de Veneza
"E depois de todos esses anos, poder trabalhar com Michael, Catherine e Winona de novo apenas tornou mais pessoal ainda e especial", completou o diretor. "E com Jenna, Monica, Willem e Justin, sabe, gente nova, eles apenas entenderam isso, sentiram isso e, enfim, foi um projeto muito pessoal para mim".
Até o momento, Burton parece ter conseguido sucesso semelhante com 'Os Fantasmas Ainda Se Divertem': até mesmo a plateia de jornalistas, que assistiu ao filme antes do público e dos convidados do festival, acompanhou o longa de coração aberto e aplaudiu em uma determinada cena e ao final.
Se há 36 anos o Beetlejuice de Michael Keaton era escrachado, nada politicamente correto, assediava as mulheres (vivas e mortas) e se apaixonou perdidamente por uma adolescente, o personagem de hoje continua, como ironizou Keaton, incorreto e irreverente, mas o fato dele temer uma mulher, ou sua ex, e encarar a inteligência da personagem de Astrid, a cara da nova geração antenada e conhecedoras de seus direitos, é mais do que simbólico para um mundo contemporâneo em que se discute muito os limites do humor.
"Eu não assisti ao primeiro filme para me preparar para este", contou Burton. "Eu me identificava com Lydia e continuo me identificando. Eu penso em como muitas vezes, ao envelhecer, a gente toma certas decisões, segue por caminhos certos ou errado. Como ela, eu também tive filhos neste meio tempo. A gente realmente fez este novo filme no espírito do filme original", finalizou.
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Quero receberIntérprete de Lydia, Winona Ryder também comemorou a reunião ocasionada pela sequência: "[O melhor foi] estar com todo mundo de novo. O primeiro foi uma experiência tão especial que estar com todos de novo e fazer o segundo foi como um sonho se tornando realidade. E meu amor e minha confiança em Tim são tão profundos que há um senso de poder brincar, em que você pode tentar novas coisas, em que a gente pode ser completamente livre e se sentir seguro".
"E eu valorizo muito estar nesta equipe, eu me sinto tão privilegiada e mimada de poder trabalhar com esta equipe. Foi uma das melhores experiências da minha vida", concluiu a atriz, resumindo o sentimento não só do elenco, mas da plateia, que certamente está ansiosa para se reunir com a turma de Burton e até mesmo com o maluco Beetlejuice novamente.
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