Flavia Guerra

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Reportagem

Grupo de zap? Dubladoras de 'Wicked' comentam conexão com Ariana e Cynthia

Um fato é certo: o Brasil é um dos países em que o público mais se mobiliza quando gosta de um filme, cantor, música, musical e afins. Prova disso é o engajamento que Fernanda Torres e " Ainda Estou Aqui" têm tido na campanha do filme ao Oscar 2025. A partir de hoje, outro fenômeno de engajamento que já é sucesso nos palcos chega aos cinemas: "Wicked", com direção de Jon M. Chu (de "Podres de Ricos" e "Em um Bairro de Nova York").

O musical que estreou nos Estados Unidos no início dos anos 2000 e que se tornou fenômeno em todo o mundo virou um fenômeno maior ainda no Brasil, com Myra Ruiz e Fabi Bang vivendo, respectivamente, Elphaba e Glinda nos palcos, de 2016 a 2023.

Agora, as atrizes e cantoras não dublam apenas, mas performam a Fada Boa do Leste e a Bruxa Má do Oeste no spin-off do clássico "O Mágico de Oz", de 1939, que é inspirado no romance de L. Frank Baum. No filme original, a Bruxa Má do Oeste é vivida pela genial Margaret Hamilton, e Glinda é vivida Bilie Burke, personagem decisiva para a jornada de Dorothy (Judy Garland).

Em "Wicked", o musical, também inspirado no livro "Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz", de Gregory Maguire, descobrimos a origem da Bruxa Má e porque a incompreendida Elphaba, uma rebelde de bom coração e personalidade forte, se tornou o símbolo do mal, que merece ser isolada e morrer sozinha".

No espetáculo criado em 2003 por Stephen Schwartz e Winnie Holzman, entendemos também que Glinda, de tão obcecada por ser boa, aceita e amada, pode não ser tão abnegada e amável assim. As nuances ganham força na jornada das duas personagens, principalmente, claro, a de Elphaba que, muito mais que a gravidade, desafia a lógica vigente e o poder de Oz (no filme, vivido com maestria por Jeff Goldblum) e a da grande mentora da Universidade de Shiz, Madame Morrible (Michelle Yeoh, que já havia vivido uma quase bruxa má em "Podres de Ricos", sua primeira parceria com John M. Cho).

No filme "Wicked" que chega agora aos cinemas, Cynthia Erivo vive Elphaba e Ariana Grande é Glinda. Duas escolhas perfeitas, pois as duas dão às personagens não somente suas vozes e fisicalidade, mas as personalidades divertidas e repletas de nuances. Na versão brasileira, Cynthia ganha a voz de Myra e Ariana, a de Fabi. É uma camada a mais nas tantas nuances das personagens, que vai certamente agradar em cheio o público brasileiro que lotou os teatros e fez com que a versão musical de "Wicked" fosse conhecida até na Broadway.

Elphaba (Myra Ruiz) e Gilda (Fabi Bang), protagonistas de 'Wicked'
Elphaba (Myra Ruiz) e Gilda (Fabi Bang), protagonistas de 'Wicked' Imagem: Jairo Goldflus/Divulgação

"Senti que criamos uma certa conexão consciente com Cynthia e Ariana. [Na dublagem], a gente vê a tela grandona na nossa cara e tem que falar e fazer mais ou menos o que ela fez de emoção. Mas eu também me emociono, tanto por vê-la quanto por saber o que ela está sentindo. É o que sinto ao fazer a personagem no teatro. É de outra forma no cinema, mas eu sei o que ela está sentindo", diz Myra Ruiz em entrevista para Splash.

"Essa parte mais íntima fez com que nos aprofundássemos ainda mais na nossa relação com essas personagens. Foi uma conexão muito especial com a Ariana e com a Cynthia. A gente até brinca porque, apesar disso, elas não têm a menor ideia de que a gente existe", completa Myra. "Sentimos como se fosse um grupo de WhatsApp", brinca Fabi.

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Sobre a transição de dar voz as personagens no cinema depois de ter dado vida a elas no teatro, Fabi e Myra afirmam que veem esse caminho como natural. O desafio nesta nova jornada foi dar mais sutileza a uma atuação que nos palco pede mais gestos, mais tudo.

"O cinema tem intimidade, tem muito close, é muito próximo ao espectador. No teatro, precisamos fazer com que o nosso tamanho espacial consiga alcançar um público que, às vezes, está sentado a 30 metros de distância, lá em cima, no balcão, o ingresso mais distante que tem", explica Fabi.

Com isso, a atriz diz que tudo fica mais articulado no teatro, de forma que as emoções cheguem muito longe. "A gente não tem a intimidade que o cinema tem e isso acaba refletindo na forma que nós concebemos nossa Glinda, nossa Elphaba", completa a atriz e cantora.

No cinema, ainda que Myra e Fabi não estejam em cena, suas vozes ganharam sutilezas, nuances e a intimidade que o cinema pede, mas sem abrir mão da potência que canções antológicas, como "Desafiar a Gravidade", pedem.

Ponto alto e crucial da trama, o dueto entre Cynthia Erivo e Ariana Grande é tão marcante na tela quanto o número original de Marcie Dodd (Elphada) e Helene Yorke (Glinda) no palco. A propósito, elas fazem uma participação especial no filme. O dueto de Myra e Fabi, ainda que apenas com suas vozes, não deixa nada a desejar e acrescenta o ingrediente brasileiro a uma trama universal sobre descobrir seu verdadeiro poder e seu lugar no mundo.

Agora, é esperar e comprovar mais uma vez o poder de engajamento do público brasileiro, que deve fazer filas para ver e rever Myra e Fabi, tanto nas telas quanto nos palcos, pois "Wicked" musical deve voltar em cartaz em breve.

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