Flavia Guerra

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Opinião

Globo de Ouro: quem são os concorrentes de 'Ainda Estou Aqui' e onde vê-los

A cerimônia de entrega dos prêmios do Globo de Ouro 2025 ocorre no próximo domingo (5), às 22h, com transmissão no Brasil pelo Paramount+ e pelo canal TNT. Com apresentação de Nikki Glaser e homenagem a Viola Davis, esse vai ser um Globo de Ouro como há muito não se via.

Considerando os concorrentes em cinema, além da ótima safra de filmes em drama e em comédia ou musical (ou tudo que não se encaixa em drama), o Brasil já vive uma edição memorável. O diretor Walter Salles, os atores Fernanda Torres e Selton Mello, e os produtores Rodrigo Abreu Teixeira e Maria Carlota Bruno estarão presentes à cerimônia que promete ser animada.

Há 25 anos uma brasileira não era indicada na categoria de melhor atriz, e a última indicação para um filme brasileiro falado em português ocorreu em 2003, com "Cidade de Deus" concorrendo na categoria de melhor filme estrangeiro. "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, foi a última produção brasileira, coprodução com a Argentina e falado em espanhol, a concorrer a melhor filme, em 2005.

Equipe de "Central do Brasil" no Globo de Ouro 1999, quando o filme levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro
Equipe de "Central do Brasil" no Globo de Ouro 1999, quando o filme levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro Imagem: Reuters

Com "Ainda Estou Aqui", Salles faz história ao emplacar sua quarta indicação ao Globo de Ouro. Antes, além de "Diários de Motocicleta", venceu em 1999 com "Central do Brasil", que também deu a Fernanda Montenegro a indicação a melhor atriz em drama —mas o prêmio foi para Cate Blanchett, por "Elizabeth", Gwyneth Paltrow, que levou o Oscar por "Shakespeare Apaixonado", estava indicada e levou na categoria melhor atriz em comédia ou musical. Em 2002, o cineasta brasileiro foi indicado por "Abril Despedaçado" e agora volta à premiação em um ano com fortes concorrentes.

Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello posam no Festival de Veneza
Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello posam no Festival de Veneza Imagem: Xinhua/Li Jing

Para completar, Fernanda Torres concorre a melhor atriz em drama. As chances de "Ainda Estou Aqui" vencer são reais. O longa brasileiro é um dos mais festejados dessa temporada e somente no Brasil já foi visto por mais de três milhões de pessoas nos cinemas. Mas é preciso ter em vista um outro forte concorrente da categoria, "Emilia Pérez, além do indiano "Tudo que Imaginamos como Luz", que vem ganhando projeção nas últimas semanas.

"Emilia Pérez" tem a força da campanha da Netflix a seu favor, além de ser um filme ousado que arrisca sem medo em gêneros como musical e melodrama. Ao mesmo tempo, o longa de Jacque Audiard divide opiniões e pode perder força com os votantes do Globo de Ouro, que são profissionais internacionais (críticos e jornalistas especializados em cinema).

Já Fernanda Torres tem sido apontada como possível vencedora por parte da crítica. A revista Variety (uma das mais prestigiadas da área) apontou a brasileira como favorita, tendo como vantagem o fato de que é a única indicada cujo filme também concorre a outra categoria.

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Ainda que se destaque diante das demais indicadas com sua atuação contida e explosiva ao mesmo tempo, a brasileira enfrenta o lobby de nomes fortes, como Nicole Kidman ("Babygirl", que estreia em 9 de janeiro), Angelina Jolie ("Maria Callas", que estreia em 1 de fevereiro), Kate Winslet ("Lee", em cartaz nos cinemas) e Pamela Anderson ("The Last Showgirl", que estreia em breve e tem direção de Gia Coppola, neta de Francis Ford Coppola, e que concorre também a melhor canção com "Beautiful that Way".

Há quem aposte na atuação correta de Angelina, mas a ousadia de Nicole ao viver uma alta executiva em busca de sua satisfação sexual pode levar a melhor na categoria. Kate Winslet está ótima, também contida e forte como a célebre fotógrafa de guerra Elizabeth 'Lee' Miller. Já Pamela pode correr por fora e surpreender com um papel que tem pontos fortes de contato com sua trajetória ao viver uma dançarina de um cassino em Las Vegas que tem seu show cancelado e tem que encontrar um novo caminho aos 57 anos.

Emilia Pérez

Zoe Saldana, Karla Sofía Gascón e Selena Gomez em cena de "Emilia Pérez", indicado a dez Globos de Ouro 2025
Zoe Saldana, Karla Sofía Gascón e Selena Gomez em cena de "Emilia Pérez", indicado a dez Globos de Ouro 2025 Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Analisando com mais detalhes os indicados a melhor filme internacional, o francês "Emilia Perez" parece ser o forte concorrente de "Ainda Estou Aqui", pois é recordista de indicações deste ano do Globo de Ouro, com 10 no total. Além de filme em língua não-inglesa (ou filme internacional), filme musical ou comédia, atriz em musical ou comédia (Karla Sofía Gascón), atriz coadjuvante (Selena Gomez e Zoe Saldaña).

A trama esdrúxula do musical que conta a saga de um chefe do tráfico mexicano que contrata uma advogada para auxiliá-lo no processo de redesignação de gênero e se torna Emília Perez vem ganhando fãs em todo o mundo.

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Por outro lado, muitos não embarcam na aposta arriscada do cineasta francês Jacques Audiard e esta divisão pode favorecer o filme brasileiro em uma categoria que, sem exageros, todos os indicados são ótimos. No México, onde a trama se passa, parte da crítica e do público considerou que o longa traz uma visão estereotipada do país, ao focar o universo dos cartéis e da violência.

Ainda assim, "Emília Perez" pode surpreender e bater "Wicked" na categoria de comédia ou musical e também "Ainda Estou Aqui" e "Tudo que Imaginamos como Luz" na categoria Internacional.

A Semente do Fruto Sagrado

"A Semente do Fruto Sagrado", um dos melhores filmes do ano, estreia em 9 de janeiro no Brasil
"A Semente do Fruto Sagrado", um dos melhores filmes do ano, estreia em 9 de janeiro no Brasil Imagem: Mares Filmes

Também está nesta lista filmes que construíram uma carreira forte em festivais internacionais, como o belíssimo "A Semente do Fruto Sagrado" (do iraniano Mohammad Rasoulof, indicado pela Alemanha). Vencedor apenas de um Prêmio Especial em Cannes 2024, além do prêmio da crítica internacional (Fipresci), a obra, que chega aos cinemas brasileiros em 9 de janeiro, merecia muito mais. Ao ser um dos 15 pré-finalistas ao Oscar de melhor filme internacional de 2025, alguma justiça já foi feita e esta pequena joia do cinema ganha a atenção que merece.

Ao narrar a história de um juiz que obedece cegamente as ordens que lhe dão em uma das prisões de Teerã (cidade em convulsão com as revoltas dos jovens que lutam por um regime mais democrático), o longa também narra a saga do próprio país, que vê suas novas gerações questionarem a política opressora do regime totalitário.

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Se as ruas estão em guerra, a casa deste juiz também entra em revolução quando suas duas filhas também passam a questionar sua autoridade e sua ética. A cereja do bolo é o diálogo que Rasoulof constrói com a realidade ao inserir cenas reais dos protestos recentes no país.

A Garota da Agulha

Vic Carmen Sonne vive a operária Karoline em Cena  "A Garota da Agulha"
Vic Carmen Sonne vive a operária Karoline em Cena "A Garota da Agulha" Imagem: Divulgação

O nada convencional "A Garota da Agulha" (coprodução entre Polônia, Suécia e Dinamarca), exibido no Festival de Cannes, que conta uma história real de uma jovem operária que, na Dinamarca do pós-Primeira Guerra, engravida e encontra ajuda na dona de uma agência de adoção clandestina. O filme competiu em Cannes 2024 e tem estreia em breve na MUBI.

Dirigido pelo sueco-polonês Magnus Von Horn, é estrelado pela dinamarquesa Victoria Carmen Sonne, que vive Karoline, e tem o ingrediente de chocar ao tratar de uma história real que chocou a Dinamarca e rende histórias de verdadeiro horror até hoje. O filme vem ganhando força na temporada e está também na lista de pré-finalistas de melhor filme internacional do Oscar 2025.

Tudo que Imaginamos como Luz

A cineasta Payal Kapadia, no Festival de Cannes, é indicada a Melhor Direção e Filme Internacional por "Tudo que Imaginamos como Luz"
A cineasta Payal Kapadia, no Festival de Cannes, é indicada a Melhor Direção e Filme Internacional por "Tudo que Imaginamos como Luz" Imagem: Dominique Charriau/WireImage
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O belíssimo indiano "Tudo que Imaginamos como Luz" emplacou também a indicação da diretora Payal Kapadia a melhor direção, depois de levar o grande prêmio do júri em Cannes 2024 e não ser o indicado da Índia ao Oscar (que preferiu "Troca Surpresa", disponível na Netflix).

Ao lado de Coralie Fargeat ("A Substância"), ela representa a nova geração de diretoras que chegam na linha de frente das premiações. A propósito, na lista de melhor direção estão também Jacques Audiard ("Emilia Pérez"), Sean Baker ("Anora"), Edward Berger ("Conclave") e Brady Corbet ("O Brutalista").

Com direção que absorve muito da luz natural e da atmosfera real de uma Índia em constante caos calmo, o longa é a estreia na direção de ficções de Payal. Na corrida ao Oscar 2025, a Índia, em vez de apostar em um filme que traz a vida de três mulheres muito contemporâneas e que representam o retrato da resiliência de quem vive em grandes cidades, onde constroem seus afetos apesar de tudo, optou por um filme que tem mais cores e equilibra comédia e drama, além de ser estrelado por Aamir Khan, um dos maiores nomes de Bollywood. A estratégia não funcionou e o país ficou de fora da corrida ao Oscar.

Vermiglio

O italiano 'Vermiglio", de Maura Delpero, é uma bela surpresa e levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024
O italiano 'Vermiglio", de Maura Delpero, é uma bela surpresa e levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024 Imagem: Divulgação

Completa a lista dos internacionais, o clássico, mas nada ingênuo, "Vermiglio". No último ano da Segunda Guerra, um rapaz local volta para casa com Pietro, um amigo de guerra, siciliano, que o salvou. Os dois desertaram depois de serem presos pelos alemães. A jovem Lucia se apaixona por Pietro e, quando a guerra acaba, à medida que a vida vai voltando ao normal, segredos vêm à tona e as dinâmicas de uma sociedade moralista e patriarcal também são reveladas pela direção precisa de Maura Delpero.

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Em comum, todos esses filmes têm mulheres como protagonistas e revelam histórias de personagens que sobrevivem em realidades em que forças visíveis ou invisíveis tentam achatar sua subjetividade.

Cada uma à sua maneira, resiste, luta e tenta mudar uma engrenagem que faz de suas existências apenas mais uma peça em um jogo perverso e/ou machista. A Itália tinha uma bela dúvida: escolher o já tarimbado Paolo Sorrentino e seu esteticamente perfeito "Pathernope" (que concorreu em Cannes, mas passou inócuo pelo festival) ou apostar no talento de uma jovem cineasta. Fez bem ao escolher "Vermiglio", que passou da primeira fase e integra a lista de pré-finalistas deste ano.

Confira os indicados no Globo de Ouro 2025 e onde assisti-los

Melhor Filme em Língua Estrangeira

  • "Tudo Que Imaginamos Como Luz" (Índia)

  • "Emilia Peréz" (França) - estreia em 6 de fevereiro e, depois, na Netflix

  • "A Garota da Agulha" (Dinamarca) - estreia em breve na MUBI

  • "Ainda estou aqui" (Brasil) - em cartaz nos cinemas

  • "A Semente do Figo Sagrado" (Alemanha/Irã) - estreia em 9 de janeiro nos cinemas

  • "Vermiglio" (Itália) - estreia em breve

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Melhor Filme — Drama

  • "O Brutalista" (estreia em 2 de fevereiro)

  • "Conclave" (estreia nos cinemas em 23 de janeiro)

  • "Duna: Parte Dois" (disponível no MAX)

  • "Nickel Boys" (estreia em breve)

  • "Setembro 5" (estreia em 30 de janeiro)

  • "Um completo desconhecido" (estreia em 27 de fevereiro)

Melhor Filme — Comédia ou Musical

  • "Anora" (estreia em 23 de janeiro)

  • "Wicked" (em cartaz nos cinemas)

  • "Rivais" (disponível no Prime Video)

  • "Emilia Pérez" (estreia em 6 de fevereiro nos cinemas e, depois, na Netflix)

  • "A verdadeira dor" (estreia em 23 de janeiro)

  • "A Substância" (disponível na MUBI)

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Melhor Filme de Animação

  • "Flow" (Estreia em 30 de janeiro nos cinemas)

  • "Divertida mente 2" (Disponível no Disney+)

  • "Memória de uma Lesma" (ainda sem data de estreia)

  • "Moana 2" (em cartaz nos cinemas)

  • "Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl" (estreia em 3 de janeiro na Netflix)

  • "Robô Selvagem" (disponível para aluguel no streaming, no Prime Video, YouTube e Apple TV)

Melhor Direção — Filme

  • Sean Baker, "Anora"

  • Edward Berger, "Conclave"

  • Jacques Audiard, "Emilia Pérez"

  • Brady Corbet, "O brutalista"

  • Coralie Fargeat, "A substância"

  • Payal Kapadia, "Tudo Que Imaginamos Como Luz"

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Melhor Roteiro — Filme

  • "Emilia Pérez", Jacques Audiard

  • "Anora", Sean Baker

  • "O brutalista", Brady Corbet, Mona Fastvold

  • "A verdadeira dor", Jesse Eisenberg

  • "A Substância", Coralie Fargeat

  • "Conclave", Peter Straughan

Melhor Atriz — Filme (Drama)

  • Pamela Anderson, "The Last Showgirl"

  • Angelina Jolie, "Maria"

  • Nicole Kidman, "Babygirl" (estreia nos cinemas em 9 de janeiro)

  • Tilda Swinton, "O quarto ao lado"

  • Fernanda Torres, "Ainda estou aqui"

  • Kate Winslet, "Lee"

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Melhor Ator — Filme (Drama)

  • Adrien Brody, "O Brutalista"

  • Timothée Chalamet, "Um Completo Desconhecido"

  • Daniel Craig, "Queer"

  • Colman Domingo, "Sing Sing" (Estreia nos cinemas em 13 de fevereiro)

  • Ralph Fiennes, "Conclave"

  • Sebastian Stan, "O Aprendiz" (disponível para aluguel no streaming)

Melhor Atriz Filme — (Comédia ou Musical)

  • Amy Adams, "Canina"

  • Cynthia Erivo, "Wicked"

  • Karla Sofía Gascón, "Emilia Pérez"

  • Mikey Madison, "Anora"

  • Demi Moore, "A substância"

  • Zendaya, "Rivais"

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Melhor Ator — Filme (Comédia ou Musical)

  • Jesse Eisenberg, "A verdadeira dor"

  • Hugh Grant, "Herege"

  • Gabriel LaBelle, "Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia"

  • Jesse Plemons, "Tipos de Gentileza"

  • Glen Powell, "Assassino por Acaso"

  • Sebastian Stan, "Um Homem Diferente"

Melhor Ator Coadjuvante - Filme

  • Yura Borisov, "Anora"

  • Kieran Culkin, "A verdadeira dor"

  • Edward Norton, "Um Completo Desconhecido"

  • Guy Pearce, "O brutalista"

  • Jeremy Strong, "O Aprendiz"

  • Denzel Washington, "Gladiador 2"

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Melhor Atriz Coadjuvante — Filme

  • Selena Gomez, "Emilia Pérez"

  • Ariana Grande, "Wicked"

  • Felicity Jones, "O brutalista"

  • Margaret Qualley, "A substância"

  • Isabella Rossellini, "Conclave"

  • Zoe Saldaña, "Emilia Pérez"

Melhor Trilha Sonora

  • "Conclave"

  • "O brutalista"

  • "O robô selvagem"

  • "Emilia Pérez"

  • "Rivais"

  • "Duna: Parte Dois"

Melhor Canção Original

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  • "Beautiful That Way" de Miley Cyrus, Lykke Li, e Andrew Wyatt - "The Last Showgirl":

  • "Compress/Repress" - "Rivais"

  • "El Mal" de Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard - "Emilia Pérez":

  • "Forbidden Road" de Robbie Williams, Freddy Wexler & Sacha Skarbek - "Better Man - A História de Robbie Williams"

  • "Kiss the Sky" - "O robô selvagem"

  • "Mi Camino" de Clément Ducol e Camille - "Emilia Pérez":

Conquista Cinematográfica e de Bilheteria

  • "Alien: Romulus"

  • "Os Fantasmas Ainda se Divertem"

  • "Deadpool & Wolverine"

  • "Gladiador 2"

  • "Divertida mente 2"

  • Twisters

  • Wicked

  • Robô Selvagem

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