Helio de La Peña: A passada de pano do 'amigo' Dias Toffoli pra Odebrecht
Imagine um brasileiro congelado em 2016 e saindo do freezer agora em 2024.
Se assusta um pouco ao ver as atualidades no mundo político. Antes de seu congelamento, sempre via na TV o Geraldo Alckmin metendo o pau no Lula.
Ao descobrir que hoje o Alckmin é vice de Lula, ficou sem entender nada.
Apesar dessa chapa psicodélica PT-PSDB no governo federal, ele respira aliviado.
Finalmente não tem mais corrupto no Brasil.
Se você varre a corrupção pra debaixo do tapete. Ela acaba.
O ministro do STF, Dias Toffoli, anulou todos os atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht e acabou com o pesadelo dele e de diversos executivos que foram acusados de pagar propinas pra ganhar a concorrência de grandes obras.
A Odebrecht está presente há décadas em todas as grandes obras. Quando as investigações da Lava Jato começaram a vir à tona, a população comemorou.
Finalmente os poderosos corruptos iriam pagar pela roubalheira. Virou até rotina nos bairros nobres o pessoal ser acordado ao som de helicópteros.
E não era nenhum repórter aéreo falando sobre o trânsito. Era o Uber da PF ajudando na mudança de picaretas de colarinho branco para a cadeia.
Os presos comuns também comemoraram. As condições carcerárias finalmente estavam melhorando para atender a clientela VIP.
Chuveiro quente e TV a cabo atenuavam o perrengue de quem via o sol nascer quadrado. Mas a alegria de pobre dura pouco.
A Odebrecht não foi a única empresa enlameada com denúncias de corrupção, mas seu caso foi muito evidente.
O livro da jornalista Malu Gaspar, "A Organização", uma biografia não autorizada sobre a empresa, mostrou que o pessoal não brincava em serviço.
Até um "Departamento de Operações Estruturadas" foi montado pra organizar a roubalheira.
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Quero receberPolíticos receberam apelidos divertidos:
- Aécio era Mineirinho;
- Collor, Roxinho;
- Zé Dirceu era Guerrilheiro.
- E o atual presidente Lula era conhecido como o Amigo.
Então, quando ele dizia que o sítio de Atibaia não era dele, e sim de um amigo, o pessoal das internas morria de rir.
Dias Toffoli também tinha um apelido curioso.
Era o "amigo do amigo do meu pai". Não o meu pai, mas o pai do Marcelo Odebrecht.
A empresa foi pega no pulo. Admitiu ter metido a mão, pediu perdão publicamente, devolveu montanha de dinheiro, aceitou pagar a multa bilionária. Mudou de nome, fez harmonização facial. E de uma hora pra outra, foi considerada honesta.
As denúncias começaram a desmoronar quando um hacker expôs as conversas entre o promotor Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro. Acusador e julgador trocavam mensagens de zap pra combinar como agilizar o esquema e condenar todo mundo o mais rápido possível, de preferência, antes da eleição do Bolsonaro, que se beneficiaria no esquema de corrupção do PT jogado no ventilador.
E Moro, visto como paladino da Justiça, o sujeito que botou poderosos atrás das grades, aceitou o prêmio de se tornar ministro da Justiça do próximo governo federal.
Pode isso, Arnaldo?
A lambança pegou mal. A treta ficou escancarada e, apesar do grampo do hacker ser considerado ilegal, não teve como disfarçar que o esquema pra condenar os corruptos também era esquisito. A pressa foi amiga da corrupção.
Foi a brecha para deixar o dito por não dito, apagar o que estava escrito e voltar tudo como era antes.
O processo era suspeito, sem dúvida. Mas então por que os acusados aceitaram devolver centenas de milhões de propina? Por que a empresa pediu perdão à sociedade?
O fato é que o ministro Dias Toffoli passou pano pro esquema de corrupção alegando filigranas jurídicas e a Odebrecht, depois de passar por uma numeróloga, reapareceu com novo nome e já pronta pra encarar novas licitações.
A primeira é a conclusão das obras da refinaria Abreu e Lima, que já sorveu uma fortuna de dinheiro público.
O próximo passo, recorrer e pedir de volta toda a grana devolvida aos cofres públicos. E quem sabe, entrar com ação de danos morais por ter sido um dia acusada de corrupta.
Afinal, Marcelo Odebrecht tem certeza de que pode contar com o "amigo do amigo do meu pai".
É muito bom viver num país sem corrupção, né?
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