Eleições estão aí! Pior do que tá não fica? Será?
Domingo, 6 de outubro, milhões de brasileiros saem de casa para eleger seu prefeito e os vereadores da sua cidade. Nunca as redes sociais tiveram tanto peso quanto atualmente.
O pouco espaço nas propagandas eleitorais gratuitas pôde ser compensado pela presença maciça na web. Os candidatos com boa base de seguidores no Tik Tok, Instagram e Facebook saíram na frente daqueles que dependiam exclusivamente das mídias tradicionais. Inclusive, essa é uma questão que deve ser reavaliada mais pra frente. Se apresentadores de TV precisam sair do ar durante o ano eleitoral, como ficará a equidade de exposição em relação aos políticos digitais?
Pena que todo esse enorme engajamento nas redes não foi usado para divulgar propostas. O que mais se viu foi um festival de baixaria e xingamentos. Outra característica dessas eleições é que acabamos acompanhando as campanhas dos candidatos que mais se destacam na web, independente de serem ou não da nossa cidade.
Os eleitores da maior metrópole da América Latina viram cadeiras voando, soco e pontapés como parte do jogo eleitoral. Jogo não, UFC —Ultimate Fight Candidato. O brasileiro, fanfarrão, não perdeu tempo e criou milhares de memes e piadas.
O que acontece em São Paulo naturalmente reverbera em todo o país. São 11 milhões de habitantes. Vários sotaques, origens e culturas numa cidade cosmopolita e, atualmente, polarizada.
Para administrar essa locomotiva, o eleito ou eleita terá em mãos um orçamento de R$ 111 bilhões. Dá para prometer muita coisa. Casas, estradas, escolas, hospitais, até teleféricos cruzando os céus da cidade.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil. Taí um termo adequado. Colégio eleitoral. Podemos até rebatizar de "quinta série" eleitoral. Os debates tiveram audiência nacional. Isso significa que o povo anda mais interessado em política? Não. Nada disso.
O povo não perde uma fofoca por nada. E isso não faltou naquela corrida pela cadeira de prefeito.
Por falar em cadeira?Eu tenho evitado fazer piada política porque hoje em dia você sacaneia a esquerda, toma porrada da esquerda, sacaneia a direita, porrada da direita. Eu estou levando cadeirada de tudo quanto é lado.
A campanha para prefeito de São Paulo tornou-se um espetáculo grotesco que extrapolou no debate da TV Cultura do dia 15 de setembro. Pablo Marçal desafiou Datena. Depois de uma troca de insultos e provocações, foi surpreendido com uma reação que costumamos ver em vídeos do Telecatch.
Datena partiu pra cima do concorrente com uma cadeira. Marçal foi parar no hospital com algumas escoriações, enquanto Datena foi parar? no programa do Datena!
A partir daquele momento, a campanha eleitoral de São Paulo passou a ser acompanhada como se fosse mais um reality. O Brasil inteiro conhece os personagens, tem suas preferências e especula o que poderia acontecer no próximo debate.
Será que já inventaram uma casa de apostas só pra isso? BET.Urna ou VotoBet? Quem é o líder? Quem vai pro segundo turno?
Propostas? Ah? ninguém quer saber. Todos esperando um segundo round da luta. Vai ter revanche? Que objeto vai ser arremessado dessa vez? Para evitar consequências mais graves, a Rede TV aparafusou as cadeiras no piso do estúdio antes do encontro dos candidatos em suas instalações.
Se a coisa continuar escalando desse jeito, as emissoras vão ter que colocar os candidatos em jaulas, como o lendário Macaco Tião. Inclusive você pode ver aqui a minha coluna sobre ele.
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Quero receberA violência não parou na cadeirada. Dia 23 de setembro, num debate promovido pela plataforma Flow, um assessor de Marçal desferiu um soco no marqueteiro de Ricardo Nunes. O marqueteiro ganhou alguns pontos no rosto. E o candidato nas pesquisas.
A baixaria parece que não tem mais limites. Por conta desses episódios lamentáveis, muita gente que não sabe em quem votar na sua cidade, já teria candidato, caso pudesse votar em São Paulo.
Infelizmente, os candidatos são eleitos, não pela competência, mas por sua popularidade. É o famoso "falem mal, mas falem de mim".
No tempo do programa Casseta & Planeta, Urgente, fomos os primeiros a ir a Brasília zoar os políticos. No começo tínhamos dúvida se algum deles toparia falar com a gente. Depois percebemos que eles não só não se incomodavam em ser zoados, como faziam questão. O importante era aparecer na TV. Assim, nas eleições, sua cara seria mais conhecida e ninguém lembraria mais o mico que ele pagou.
Todo mundo assistia se perguntando por que eles se deixavam ser ridicularizados daquela forma. Eles usavam aqueles minutos na TV para passar uma imagem de simpáticos, que topavam qualquer brincadeira. De bobos não tinham nada.
O comediante Francisco Everardo Oliveira Silva prometeu, há 14 anos: "Vote no Tiririca, pior do que 'tá', não fica". Mais uma promessa não cumprida. Piorou? e não foi pouco.
Escolher o prefeito da sua cidade e os vereadores que vão legislar pelo seu município é coisa séria. Pesquise os candidatos, o que ele pretende fazer, como planeja gastar o dinheiro dos impostos que pagamos. Não se iluda com candidato que se passa por palhaço para ganhar o seu voto. Porque nos quatro anos seguintes, o palhaço poderá ser você.
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